As exportações de trigo da Rússia atingiram um recorde no início da safra 2024-2025, apesar dos esforços da União Europeia (UE) para limitar o acesso do país ao mercado global de grãos, segundo os dados mais recentes do setor, divulgados pela imprensa russa.
De acordo com informações da operadora ferroviária Rusagrotrans, os embarques russos de trigo totalizaram 32,2 milhões de toneladas entre julho e janeiro, superando as 31,8 milhões de toneladas registradas no mesmo período da temporada anterior.
O Egito manteve a posição de principal comprador do trigo russo, importando 6,3 milhões de toneladas – um volume 1,7 vez maior que o do ano passado. Bangladesh ultrapassou a Turquia e se tornou o segundo maior destino, com 2,28 milhões de toneladas.
As exportações para a Turquia caíram quase 50%, também para 2,28 milhões de toneladas, atingindo o menor nível em oito anos. Argélia e Quênia completam a lista dos cinco maiores importadores, com 1,69 milhão e 1,4 milhão de toneladas adquiridas, respectivamente.
Sucessos da Rússia
Em dezembro, a Rússia estabeleceu uma cota de exportação de trigo para equilibrar a oferta e a demanda interna de grãos. O limite, fixado em 10,6 milhões de toneladas entre 15 de fevereiro e 30 de junho de 2025, não se aplica a embarques destinados à ajuda humanitária internacional.
Como parte de seu programa de assistência alimentar, a Rússia forneceu 1.600 toneladas de grãos à Etiópia, segundo a fundação Mundo Russo.
Moscou também enviou 65 toneladas de trigo para Mali, com entrega realizada em dezembro. A iniciativa, considerada a maior já realizada pelo país nesse modelo, incluiu a doação de 200 mil toneladas de trigo a seis nações africanas de baixa renda.
Problemas na Europa
A União Europeia elevou as tarifas sobre as importações de grãos russos no ano passado, visando reduzir as receitas de exportação russas e evitar a desestabilização do mercado europeu por trigo de baixo custo.
O governo russo condenou as restrições, classificando o aumento das tarifas como "um exemplo de prática comercial ilícita" e alertou que as medidas da UE podem agravar a crise alimentar tanto no continente quanto globalmente.
Enquanto impõe restrições ao trigo russo, a própria União Europeia enfrenta dificuldades no setor agrícola. Em novembro, a agência EuroNews relatou uma queda de 11% na produção europeia de trigo e alertou sobre a deterioração da qualidade dos cereais cultivados no bloco.
O mercado europeu também foi impactado pela entrada facilitada de grãos ucranianos. No entanto, a agência de notícias Reuters informou recentemente que a produtividade de grãos na Ucrânia deve cair em 2025 devido à escassez de chuvas.