
Jornalista europeu acusa chefe da Comissão Europeia de esconder informações sobre vacinas Pfizer

A liderança da União Europeia nega à população o acesso a informações cruciais, como os detalhes das negociações para a compra de vacinas da Pfizer durante a pandemia de Covid-19.
A denúncia foi feita pelo jornalista europeu Alexander Fanta em artigo publicado pelo jornal The Guardian nesta segunda-feira.
No texto, que expõe uma disputa entre o jornalista e a Comissão Europeia, Fanta acusou a presidente do órgão, Ursula von der Leyen, de não cumprir sua promessa de ser "defensora contra as forças autoritárias" e "fortalecer o estado de direito na UE".

O jornalista revelou que as autoridades europeias se recusaram a divulgar as mensagens trocadas entre Von der Leyen e o CEO da Pfizer, Albert Bourla, alegando que esse tipo de comunicação não está sujeito à legislação de liberdade de informação da UE.
Citando o caso, Fanta afirmou que esse pode ser apenas um entre vários episódios semelhantes e alertou que "qualquer troca potencialmente controversa entre funcionários da UE e interesses externos, incluindo lobistas corporativos e governos autoritários, pode simplesmente ser transferida para mensagens de texto ou WhatsApp para evitar o escrutínio público".
Anteriormente, Von der Leyen já havia sido alvo de investigações jornalísticas sobre possíveis irregularidades na compra de vacinas.
Negociações com Pfizer
Na investigação, Fanta lembrou que, durante a pandemia, Von der Leyen trocou pessoalmente telefonemas e mensagens com Bourla para "alcançar o nível do Reino Unido e de Israel" na obtenção de "bilhões de doses de vacina".
Segundo ele, "em um esforço frenético para vacinar mais europeus", a UE gastou pelo menos 21,5 bilhões de euros na compra exclusiva de vacinas da Pfizer, negociadas por meio de mensagens e chamadas.
No entanto, quando Fanta solicitou acesso a essas conversas com base na legislação europeia, a Comissão Europeia recusou o pedido, argumentando que os textos eram "por natureza de curta duração" e não estavam sujeitos à regulação da lei, escreveu o jornalista.
Fanta revelou que a UE protege o "sigilo" em torno dessas comunicações "de maneira tão feroz" que até defende o direito de não revelá-las em tribunal. Segundo ele, ao serem questionados por juízes, os funcionários da Comissão admitiram que nunca tinham visto as mensagens, mas confiaram nas garantias da equipe de Von der Leyen sobre a falta de conteúdo relevante, o que um juiz classificou como "bizarro".
O jornalista também acusou a liderança da UE de não revelar os beneficiários do projeto de revitalização da economia europeia pós-pandemia, que, segundo ele, contou com um fundo de 723 bilhões de euros.
"O sigilo pode ter encoberto casos suspeitos de abuso", denunciou.
Importância crucial
No artigo, Fanta destacou a gravidade do tema e defendeu a urgência em revelar informações sobre as negociações entre Von der Leyen e Bourla.
Para o jornalista, a divulgação das mensagens e conversas pode ajudar a esclarecer como foi fechado o polêmico acordo sobre as vacinas, e esclarecer por que a UE se tornou o maior cliente da Pfizer, mas "supostamente pagou um preço muito mais alto" por essas doses.
Além disso, Fanta defendeu o direito dos cidadãos europeus de "saber o que estava sendo negociado em seu nome durante uma emergência de saúde pública".