"Chegou a hora": Ursula von der Leyen pede que os juros de fundos russos congelados sejam usados para armar a Ucrânia

A presidente da Comissão Europeia pediu ao Parlamento Europeu que "aja rapidamente" para impulsionar o setor de defesa da UE nos próximos cinco anos.

Os Estados-membros da União Europeia devem destinar os juros dos ativos russos, congelados na Europa após o início da guerra na Ucrânia, para assistência militar a Kiev, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

"Chegou a hora de iniciar uma discussão sobre o uso de lucros extraordinários de ativos russos congelados para a compra conjunta de equipamentos militares para a Ucrânia", disse ela ao Parlamento Europeu na quarta-feira.

A proposta visa a impulsionar a indústria de defesa da Europa nos próximos cinco anos e impor um novo sistema de aquisições ao setor para modernizar as forças armadas e prepará-las para uma possível guerra, disse ela.

Sendo assim, Von der Leyen conclamou os Estados-membros a "agirem rapidamente" diante das ameaças à sua "segurança, prosperidade e modo de vida que se apresentam de várias formas", como é o caso da Rússia.

"O risco de guerra pode não ser iminente, mas não é impossível. Os riscos de guerra não devem ser exagerados, mas devemos nos preparar para eles", disse ela, enfatizando a "necessidade urgente de reconstruir, reabastecer e modernizar as forças armadas dos Estados-membros".

Além disso, ela enfatizou que uma maior soberania europeia não afetaria a OTAN, mas fortaleceria a Aliança, com a necessidade de impulsionar o desenvolvimento e a fabricação da "nova geração de capacidades operacionais para vencer batalhas" e alcançar a "quantidade suficiente de material e superioridade tecnológica" que pode ser necessária no futuro. "Isso significa impulsionar nossa capacidade industrial de defesa nos próximos cinco anos", afirmou, apontando para a necessidade de "gastar mais, gastar melhor e gastar na Europa".

Nas próximas semanas, o executivo europeu apresentará propostas sobre a primeira estratégia industrial de defesa europeia, disse ela. Von der Leyen disse que um de seus objetivos seria priorizar a aquisição conjunta na área de defesa, nos moldes do que foi feito com o fornecimento de vacinas e gás natural. "Isso nos ajudará a reduzir a fragmentação e aumentar a interoperabilidade", afirmou.

Ela também disse que seria considerada a possibilidade de facilitar os acordos de compra no setor de armas para dar às empresas garantias de pedidos estáveis e "previsibilidade de longo prazo". Isso exigirá maior acesso a capital público e privado para financiar o setor de defesa da Europa, em especial as pequenas e médias empresas que ela descreveu como a "espinha dorsal" do setor.

A presidente destacou a experiência de combate da Ucrânia no conflito com a Rússia para anunciar planos de estabelecer um escritório de inovação em defesa na capital ucraniana, Kiev.