Trump ataca país do BRICS e corta toda a ajuda fornecida ao mesmo

A medida veio em resposta a uma nova lei que, segundo Washington, equivale a uma apreensão não compensada da propriedade agrícola de uma minoria étnica.
Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou na sexta-feira uma ordem executiva congelando a ajuda ou assistência dos EUA à África do Sul.

"Todos os departamentos e agências executivas, incluindo a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, devem, na medida máxima permitida por lei, suspender a ajuda ou assistência estrangeira fornecida à África do Sul", diz a ordem.

Dessa forma, a Casa Branca respondeu a uma nova lei no país africano que dá ao governo poderes para expropriar, em alguns casos, terras da população, o que, de acordo com Washington, equivale a um confisco não compensado das propriedades agrícolas da minoria étnica Afrikaner, que são, em sua maioria, descendentes brancos dos primeiros colonizadores neerlandeses e franceses.

Reassentamento de refugiados afrikaner

Além disso, foi ordenado que promovesse o "reassentamento de refugiados Afrikaner, que estão fugindo da discriminação racial patrocinada pelo governo" na África do Sul. O documento detalha que as autoridades dos EUA tomarão as medidas apropriadas "para priorizar a assistência humanitária, incluindo a admissão e o reassentamento por meio do Programa de Admissão de Refugiados dos EUA".

"A África do Sul assumiu posições agressivas em relação aos EUA e seus aliados, inclusive acusando Israel, e não o Hamas, de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça, e revitalizando suas relações com o Irã para desenvolver acordos comerciais, militares e nucleares", enfatiza a ordem.

Tentativa de abordar as disparidades raciais

Em janeiro, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, sancionou uma lei que tornaria mais fácil para o Estado expropriar terras no interesse público, sem fornecer indenização em determinadas circunstâncias. A emenda tem como objetivo abordar as disparidades raciais na propriedade de terras agrícolas, em grande parte controlada por fazendeiros brancos, três décadas após o fim do apartheid em 1994.

No último domingo, Trump anunciou planos para cortar toda a assistência financeira à África do Sul até que as políticas de desapropriação de terras do país sejam investigadas. O presidente afirmou que o governo sul-africano "está fazendo coisas terríveis, terríveis", embora não tenha dado detalhes.

Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa

Resposta da África do Sul

Em resposta às observações de seu homólogo norte-americano, Ramaphosa negou que seu governo tenha confiscado terras e afirmou que o país tem "uma democracia constitucional profundamente enraizada no Estado de Direito, na justiça e na igualdade". "Estamos ansiosos para interagir com o governo Trump sobre nossa política de reforma agrária e questões de interesse bilateral. Estamos confiantes de que, a partir desses contatos, compartilharemos um melhor entendimento comum sobre essas questões", acrescentou.

O Ministro das Relações Exteriores e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, declarou na segunda-feira que seu país estava confiante de que "os assessores do Presidente Trump usarão o período de investigação para obter uma compreensão completa das políticas da África do Sul dentro da estrutura de uma democracia constitucional".