Lula equipara Bolsonaro a Netanyahu em comentário sobre genocídio

Em entrevista, Lula diz que não é necessário esperar tipificação formal das ações de Israel em Gaza e de Bolsonaro na pandemia como genocídio para considerá-las como tal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou suas críticas a Israel, acusando o país de genocídio e comparando as ações de Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza à condução de Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia de COVID-19. As declarações foram feitas dm entrevista ao programa 'É Notícia', da 'RedeTV', que foi ao ar na terça-feira.


"Eu não vou esperar tipificar genocídio para considerar genocídio. Por exemplo, eu acho que Bolsonaro pode ser tipificado como genocida por conta da pandemia do COVID. Porque ele fez propaganda de remédio falso, ele mentiu o tempo inteiro na televisão, ele desafiou a ciência durante muito tempo".


Além disso, Lula afirmou que não se arrepende de sua declaração polêmica sobre os ataques israelenses na região, onde fez uma comparação entre as ações de Israel e as realizadas por Adolf Hitler na Alemanha Nazista.

"A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra. Você não tem, na Faixa de Gaza, uma guerra de um exército altamente preparado contra outro exército altamente preparado. Você tem, na verdade, uma guerra de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças", disse.

Sobre um ato de cessar-fogo na Faixa de Gaza, Lula foi enfático ao defender a paz e a proteção dos civis.

"O que nós estamos clamando? Que parem os tiroteios, que permita a chegada de alimento, de remédio, de médico e de enfermeiro para que a gente tenha um corredor humanitário e tratar das pessoas. É isso". 

Preferência por Biden 

Em outra parte da entrevista, o presidente expressou seu desejo de que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, seja reeleito nas eleições que ocorrerão em novembro deste ano:

"Eu espero que o Biden ganhe as eleições. Eu espero que o povo possa votar em alguém que tenha mais afinidade. Eu tenho visto o Biden em porta de fábrica. O discurso do Biden desde o começo até agora é em defesa do mundo do trabalho."

Atos do 8 de janeiro

Quando perguntado sobre os 60 anos do golpe militar, Lula destacou que os eventos antidemocráticos de 8 de janeiro são mais preocupantes para ele do que a lembrança da tomada de poder pelos militares em 31 de março de 1964.

"Eu sinceramente vou tratar (os 60 anos) da forma mais tranquila possível. Estou mais preocupado com o golpe de janeiro de 2023 do que com o de 64. Isso já fez parte da história, já causou sofrimento, o povo já reconquistou o direito democrático. Os militares, hoje no poder, eram crianças naquele tempo. Alguns nem eram nascidos".

Ele também mencionou que, até o momento, os militares envolvidos em atos contra a democracia nunca foram punidos, mas ressaltou que a situação atual é diferente. "Lembra de algum momento em que general foi chamado pela Polícia Federal para prestar depoimento? Todos que provarem que participaram serão julgados, serão punidos", disse. 

IA e democracia

Lula demonstrou preocupação em relação às novas tecnologias e sua influência na disseminação de desinformação na política. Ele alertou para os possíveis impactos negativos que pessoas mal-intencionadas podem causar à democracia através dessas ferramentas.

"O dado concreto é que a humanidade está sendo vítima dos algoritmos. Ela está sendo manipulada com inteligência artificial como jamais aconteceu em qualquer outro momento da história. Se isso já preocupa os outros democratas do mundo, a mim me preocupa".

Ao abordar o ato de apoio a Jair Bolsonaro realizado na Avenida Paulista no último domingo (25), Lula destacou que as plataformas digitais têm sido utilizadas pelos seguidores do ex-presidente para espalhar notícias falsas. "Essa gente está negando a democracia. Não tem nexo, não tem limite. Vale qualquer mentira", afirmou.