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Quem é Kim Jong-un? Saiba mais sobre a vida do líder da Coreia do Norte

Kim Jong-un é o líder do Estado norte-coreano e ocupa os cargos políticos e militares mais importantes da administração estatal do país. Ele representa a terceira geração da dinastia Kim iniciada pelo fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, e assumiu o posto de mandatário da nação em 2011 após a morte de seu pai, Kim Jong-il.
Quem é Kim Jong-un? Saiba mais sobre a vida do líder da Coreia do NorteGettyimages.ru / Inter-Korean Summit / POOL/Anadolu Agency

Nascimento

Kim Jong-un nasceu em Pyongyang em 8 de janeiro de 1982. Ele é o terceiro filho de Kim Jong-ll (1942-2011) e neto de Kim ll-sung (1912-1994), primeiro líder da Coreia do Norte.

Sua mãe é a ex-bailarina Ko Yong-hee, terceira esposa de Kim Jong-il.

Trata-se do primeiro líder norte-coreano nascido após a fundação do país.

Educação

Utilizando uma identidade falsa, Kim Jong-un estudou em uma escola internacional em Berna, na Suíça, e é fluente em inglês e alemão. Acredita-se que ele tenha retornado à Coreia do Norte em 2000.

De 2002 a 2006 estudou na Universidade Militar Kil Il-sung, onde recebeu dois títulos acadêmicos: Doutor em Física e Doutor em Ciências Militares.

Trajetória no Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC)

Em 2006, alguns meios de comunicação informaram que membros proeminentes do Partido Trabalhista Coreano receberam crachás com retratos de Kim Jong-un, o que gerou especulações de que o filho mais novo de Kim Jong-il sucederia o pai na liderança do país.

Em 2009, o regime comunista lhe deu o apelido de "camarada brilhante". No mesmo mês, o jornal russo "Trud" informou que Kim Jong-il havia emitido uma diretriz pessoal aos líderes do Partido dos Trabalhadores da Coreia nomeando Kim Jong-un como seu sucessor. Essa informação foi posteriormente confirmada pelos serviços de inteligência da Coreia do Sul.

Em setembro de 2010, ele foi promovido ao posto de general de quatro estrelas, juntou-se à liderança do Partido dos Trabalhadores e tornou-se vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional.

Seu pai, Kim Jong-il, morreu vítima de um ataque cardíaco em 17 de dezembro de 2011. Em 24 de dezembro, o jornal do partido, "Rodong Sinmun",informou que Kim Jong-un havia sido nomeado Comandante Supremo do Exército Popular da Coreia e Chefe de Estado. Após a cerimônia fúnebre em 29 de dezembro, o Presidente da Assembleia Popular Suprema, Kim Yong-nam, em anúncio na praça central de Pyongyang, anunciou Kim Jong-un como líder supremo da nação.

Em 11 de abril de 2012, o Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte elegeu Kim Jong-un como seu Secretário-geral, concluindo, desta forma, o processo de transferência de poder para o filho mais novo do falecido Kim Jong-ll. Em 15 de abril, Kim Jong-un fez sua primeira aparição pública durante um desfile militar que marcou o 100º aniversário do nascimento de seu avô e fundador do país, Kim ll-sung.

Cargos atuais

- Desde 27 de setembro de 2010: General do Exército

- Desde 29 de dezembro de 2011: Líder Supremo da Coreia do Norte

- Desde 13 de abril de 2012: Presidente da Comissão de Defesa Nacional da Coreia do Norte

- Desde 24 de dezembro de 2011: Comandante-chefe supremo do Exército Popular da Coreia

- Desde 11 de abril de 2012: Secretário-geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia

- Desde 13 de abril de 2012: Primeiro presidente da Comissão de Defesa Nacional

- Desde 17 de julho de 2012: Marechal da República Popular Democrática da Coreia

- Desde 25 de abril de 2022: Generalíssimo da República Popular Democrática da Coreia

Vida pessoal

Kim Jong-un é conhecido por gostar de basquete e de música ocidental. Ele é fã de Michael Jordan e seu ator favorito é Jean-Claude van Damme. O astro do basquete americano Dennis Rodman visitou a Coreia do Norte em 2013 a convite de Kim e se considera um "amigo" do líder norte-coreano. Rodman descreveu sua viagem à ilha particular de Kim Jong-un: "É como o Havaí ou a Índia, mas ele é o único que mora lá". De acordo com um relatório do Daily Mail, Kim Jong-un é um grande fã do clube de futebol inglês Manchester United.

Em julho de 2012, a Televisão Estatal da Coreia do Norte anunciou oficialmente que Kim Jong-un é casado com Ri Sol-ju, com quem teria supostamente formalizado o relacionamento em 2009. Ela seria filha de um professor e de uma médica, e é formada também pela Universidade Kim Il-sung em Pyongyang. De acordo com relatos da mídia, o casal teve três filhos: Kim Jong-ju, nascido em 2010 ou 2011; Kim Joo-ae, nascida no final de dezembro de 2012; e um terceiro filho nascido em 2017 cujo nome e gênero ainda são desconhecidos.

Especulação sobre suas políticas domésticas

A imprensa sul-coreana e ocidental discutem com frequência os métodos de governança de Kim Jong-un e, muitas vezes, relatam sobre execuções de oficiais norte-coreanos de alto escalão. No entanto, não raramente essas notícias se revelam como mera propaganda ou como farsas.

Foi exatamente isso que aconteceu com a notícia da execução de Jang Song-thaek, tio de Kim Jong-un, que supostamente foi jogado para ser devorado por 120 cães famintos. De acordo com a agência de notícias oficial de Pyongyang, KCNA, o parente do líder norte-coreano foi executado em dezembro de 2013 logo após um julgamento militar especial, mas o detalhe sobre os cães foi inventado por um comediante chinês e levado a sério por vários veículos de imprensa. A declaração do ex-jogador de basquete Dennis Rodman de que Jang Song-thaek não poderia ter sido executado pois o americano o teria visto durante sua última visita à Coreia do Norte em janeiro de 2014 causou ainda mais confusão a respeito desta história.

De maneira semelhante, o ex-ministro da Defesa da Coreia do Norte, Hyun Yong-chol, apareceu em um programa de TV norte-coreano após o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul ter declarado que ele teria sido executado com uma rajada de bateria antiaérea.

Principais questões de política externa

A península coreana vive uma situação de instabilidade política há mais de 60 anos e, desde a chegada de Kim Jong-un ao poder, as tensões têm aumentado ainda mais na região.

Em 2012, já sob o comando de Kim Jong-un, a Coreia do Norte realizou testes exitosos com mísseis balísticos e conseguiu lançar seu primeiro satélite em órbita mesmo ao arrepio de duas resoluções de 2006 e 2009 do Conselho de Segurança da ONU, o que causou forte reação da comunidade internacional.

Em 2013, a Coreia do Norte também realizou com êxito o terceiro teste nuclear de sua história. O fato de Pyongyang ter ignorado as resoluções do Conselho de Segurança causou uma repercussão muito negativa no cenário internacional, o que reforçou as sanções internacionais impostas ao país. Em resposta, Kim Jong-un ameaçou realizar um possível ataque nuclear preventivo contra os Estados Unidos.

Em 8 de março de 2013, a liderança da RPDC cancelou o tratado de cessar-fogo com a Coreia do Sul assinado em 1953 marcando o fim das hostilidades da Guerra da Coreia. Ao mesmo tempo, no Sétimo Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia, Kim Jong-un declarou que as armas nucleares seriam usadas apenas como meio de defesa.

De 25 a 28 de março de 2018, ele fez sua primeira viagem ao exterior como líder do país: Kim Jong-un e sua esposa, Ri Sol-ju, fizeram uma visita não oficial a Pequim, na China, onde ele se reuniu com o presidente chinês Xi Jinping. Entre 7 e 8 de maio do mesmo ano, Kim Jong-un visitou a China pela segunda vez, reunindo-se novamente com o líder chinês para discutirem a situação na península coreana e as relações bilaterais.

Em 19 e 20 de junho, Kim Jong-unrealizou sua terceira reunião daquele ano com Xi Jinping, em cuja ocasião chamou o Secretário-geral do Partido Comunista da China de "um grande líder". O mandatário chinês declarou que Pequim pretende apoiar Pyongyang independentemente da situação na região e no mundo.

Kim Jong-un encontrou-se com Donald Trump, então presidente dos EUA em seu primeiro mandato, por três vezes: uma vez em 2018 em Singapura e duas vezes em 2019, a primeira em Hanói, Vietnã, e a segunda na zona desmilitarizada na fronteira entre as duas Coreias. Durante as conversas, Trump insistiu na desnuclearização completa da Península, mas o líder norte-coreano não concordou com isso.

Em 25 de abril de 2019, Kim Jong-un visitou a Rússia, onde se reuniu com Vladimir Putin na Ilha Russky (Vladivostok). Os líderes conversaram por mais de duas horas em uma reunião a portas fechadas e sem a presença da imprensa. Embora ambos os políticos tenham classificado o encontro como "importante", as conversas terminaram sem que nenhum acordo fosse firmado.

Em junho de 2024, Vladimir Putin visitou a Coreia do Norte em uma visita oficial de Estado. Durante a visita do líder russo, Moscou e Pyongyang assinaram um acordo de parceria estratégica abrangente. Além disso, foram firmados acordos intergovernamentais para a construção de uma ponte rodoviária na fronteira entre os países, bem como sobre a cooperação nas áreas da saúde, educação e ciência.

Política socioeconômica

Logo após a chegada de Kim Jong-un ao poder, o país começou a implementar reformas econômicas semelhantes à política de "Reforma e Abertura" da China. A atitude do governo em relação aos negócios privados tornou-se menos restritiva. Uma rede de zonas econômicas especiais também foi estabelecida para atrair investimentos estrangeiros.

Em 2013, como parte de um conjunto de medidas econômicas do "Sistema Socialista de Gestão Corporativa Responsável", as empresas agora gozam de mais autonomia, e um sistema de responsabilidade agrícola também foi introduzido no setor primário, aumentando a produtividade em algumas fazendas coletivas.

A mídia norte-coreana descreveu a economia do país como um "sistema coletivista flexível" em que as empresas aplicam "ações ativas e evolutivas" para alcançar o desenvolvimento econômico.

De acordo com Jeong Seongjang, do Instituto Sejong, Kim Jong-un tem um interesse mais visível no bem-estar de seu povo e interage mais com eles do que seu pai costumava fazer.

Programa nuclear

No final de janeiro de 2013, a RPDC anunciou a intenção de realizar seu terceiro teste nuclear. Em 12 de fevereiro, a Agência Telegráfica Central da Coreia anunciou oficialmente que o teste foi bem-sucedido, o que levou a uma crise na península.

Em 10 de dezembro de 2015, Kim Jong-un afirmou que a Coreia do Norte possuía uma bomba de hidrogênio.

 Entre 2016 e 2017, Pyongyang realizou ainda mais três testes bem-sucedidos com armas nucleares. Contudo, em abril de 2018, Kim Jong-un anunciou que o país interromperia seus testes com mísseis balísticos de médio alcance e paralisaria seu programa atômico. De acordo com o líder norte-coreano, o país pretende com isso preservar sua capacidade nuclear.

"Kimjongunismo"

Em novembro de 2021, as agências de inteligência sul-coreanas afirmaram que o termo ideológico "Kimjongunismo" havia começado a ser usado nos círculos de poder da RPDC. Kim Jong-un também ordenou a remoção dos retratos de seu pai e avô dos prédios governamentais de Pyongyang. A mídia estatal começou a chamar Kim Jong-un de "grande líder", título que era reservado apenas ao seu avô, Kim Il-sung. De acordo com o The Times, Kim Jong-un está, desta forma, tentandosair da sombra de seus ancestrais.