Argentina anuncia saída da Organização Mundial de Saúde

Milei tem criticado a agência desde a pandemia. A mudança foi confirmada pelo porta-voz Manuel Adorni.

O presidente da Argentina, Javier Milei, ordenou a saída do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) na quarta-feira.

"Não permitiremos que um órgão internacional intervenha em nossa soberania", advertiu a porta-voz da presidência, Manuel Adorni, durante a coletiva de imprensa em que fez o anúncio.

Ela também explicou que o presidente já instruiu o ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein, a finalizar a renúncia da OMS.

"(A decisão) se baseia nas profundas diferenças com relação à gestão do Santander, especialmente durante a pandemia que, juntamente com o governo de Alberto Fernández, nos levou ao mais longo lockdown da história da humanidade", afirmou ela, referindo-se à crise de saúde da Covid-19 que durou de 2020 a 2021.

Adorni acrescentou que as políticas de isolamento social foram possibilitadas pela falta de independência política de alguns estados, como foi o caso da Argentina.

Além disso, ela garantiu que o país sul-americano não recebe recursos da OMS para sua gestão de saúde. "Portanto, essa medida não representa uma perda de fundos para o país, nem afeta a qualidade dos serviços", concluiu.

'Soberania'

Pelo contrário, disse ela, isso dá ao país maior flexibilidade para implementar medidas adaptadas ao contexto e aos interesses exigidos pela Argentina, bem como maior disponibilidade de recursos.

"Isso reafirma nosso caminho em direção a um país com soberania em saúde. Como disse o presidente: as decisões na Argentina são tomadas pelos argentinos", afirmou.

A porta-voz antecipou que a saída da Argentina do Acordo de Paris, o tratado internacional sobre mudanças climáticas, também está sendo avaliada.

"O presidente é muito inflexível quanto a tornar a Argentina mais livre, portanto, qualquer vínculo que ele tenha com organizações que vão contra as liberdades, faremos o possível para não permitir que elas interfiram na vida dos argentinos", disse ela.

Ao fazer isso, Milei imitou o presidente dos EUA, Donald Trump, que já havia antecipado a mesma decisão, colocando a agência em uma crise de financiamento.