'Os EUA são a unica ameaça ao Canal e ao mundo inteiro', diz embaixadora chinesa no Panamá

A diplomata acusou Washington de tentar impedir a cooperação do Panamá com Pequim, questionou as ameaças de Trump e cobrou respeito.

Os Estados Unidos são a única nação que representa uma ameaça ao Panamá, e suas advertências sobre o Canal devem preocupar o mundo inteiro. A declaração foi feita pela embaixadora da China no país, Xu Xueyan.

"O canal é uma hidrovia crucial que garante o fluxo do comércio mundial. A única parte que ameaçou o canal foram os EUA, que representam uma ameaça não apenas para o Panamá, mas também ao mundo inteiro", escreveu a diplomata em um artigo publicado na segunda-feira (03) no jornal La Estrella de Panamá.

Xu destacou que o comércio bilateral entre China e EUA soma US$ 688,28 bilhões e questionou a postura de Washington em relação às relações comerciais do Panamá com o país asiático.

"Por que, então, os EUA veem as operações das empresas chinesas no Panamá como uma grande ameaça?", indagou a embaixadora.

Segundo ela, as pressões dos EUA têm o objetivo de impedir que a China tenha acesso ao Protocolo do Tratado de Neutralidade do Canal do Panamá.

O documento estabelece que a hidrovia deve permanecer aberta ao trânsito internacional, garantindo acesso permanente a embarcações de qualquer país em condições de igualdade. Além disso, o tratado prevê a possibilidade de adesão de outros Estados.

Respeito por todos os países

A diplomata chinesa afirmou que, no cenário internacional, "todos os países são iguais e têm o direito de desenvolver relações diplomáticas de forma autônoma".

Por esse motivo, destacou que "ninguém tem o direito de dar ordens ou ditar diretrizes a outros países", como os EUA estão tentando fazer com o Panamá.

"Se os EUA querem criar uma 'era de ouro' para as Américas, devem primeiro respeitar os outros países e perguntar ao povo da América Latina que tipo de era eles querem", acrescentou.

Xu Xueyan argumentou que o Panamá é um ponto estratégico para os interesses geopolíticos de Washington, que "não pode tolerar" a cooperação entre o país e a China.

"A China nunca trouxe medo ao Panamá, mas sim igualdade, respeito e benefício mútuo, além de mais oportunidades de desenvolvimento, como as oferecidas pela iniciativa 'Cinturão e Rota', que permitem a realização de mais negócios e a construção de mais infraestrutura para o benefício da população", concluiu a embaixadora.