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'Isso nunca deveria ter acontecido': premiê japonês pede desculpas à Rússia
A proposta de descarte de resíduos radioativos do Japão em território russo gerou tensões diplomáticas.
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, pediu desculpas após uma proposta feita por funcionários do governo sugerir o descarte de lixo nuclear nas Ilhas Curilas, território da Rússia. A informação foi divulgada pelos jornais Mainichi e Nikkan na segunda-feira (03).
"Isso é algo que nunca deveria ter acontecido", afirmou Ishiba.
Moscou e Tóquio mantêm uma disputa territorial de longa data sobre as quatro Ilhas Curilas, chamadas de "Territórios do Norte" pelo Japão. Apesar do fim oficial do estado de guerra entre os países na década de 1950, nunca foi assinado um tratado de paz.
Em 1956, a União Soviética concordou em considerar a cessão das ilhas Habomai e Shikotan ao Japão, mas impôs como condição a assinatura de um tratado de paz.
O Japão, no entanto, reivindica todas as ilhas do arquipélago, o que impediu um acordo. Já a posição da Rússia é de que sua soberania sobre Habomai e Shikotan é inquestionável.
Durante uma sessão parlamentar na segunda-feira (03), o deputado de Hokkaido Kamiya Hiroshi questionou Ishiba sobre um comentário feito no mês passado por um funcionário da Organização de Gerenciamento de Resíduos Nucleares do Japão (NUMO, na sigla em inglês).
O funcionário havia declarado que construir um local de descarte de resíduos radioativos nas Curilas seria como "matar três ou quatro coelhos com uma cajadada só".
- Em março de 2022, pouco após o agravamento do conflito na Ucrânia, Moscou suspendeu as negociações para um tratado de paz com Tóquio, em resposta à adesão do Japão às sanções internacionais contra a Rússia. Além disso, a Rússia cancelou a isenção de visto para cidadãos japoneses que visitavam as Ilhas Curilas e suspendeu acordos de pesca na região.
- Em junho do ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que as afirmações do Japão sobre tentar infligir uma "derrota estratégica" à Rússia inviabilizaram qualquer negociação. Ele enfatizou que foi o próprio governo japonês que criou obstáculos para a retomada do diálogo.
