
África do Sul desafia EUA e ameaça cortar exportação de minerais

Os países africanos devem assumir o controle de seus recursos naturais e interromper a exportação de minerais para os Estados Unidos, afirmou na segunda-feira (3) o ministro de Recursos Minerais e Energia da África do Sul, Gwede Mantashe, segundo a imprensa sul-africana.

Em discurso na conferência "Investing in African Mining Indaba", na Cidade do Cabo, Mantashe disse que as nações africanas não devem temer eventuais represálias dos EUA.
"Vamos reter os minerais dos EUA. É isso. Se eles não nos derem dinheiro, não vamos fornecer minerais", declarou.
O ministro criticou o que chamou de "padrões duplos" por parte dos norte-americanos, afirmando que os EUA "levam nossos minerais", mas restringem o financiamento ao continente.
"Não, temos minerais na África e, portanto, temos algo. Não somos apenas pedintes", ressaltou.
Tensões crescentes
O apelo ocorre após o anúncio de Donald Trump de que os EUA suspenderiam toda a assistência futura à África do Sul, alegando preocupações com a expropriação de terras sem compensação.
No domingo, o ex-presidente norte-americano classificou os supostos maus-tratos a "certas classes de pessoas" na África do Sul como uma "situação ruim que a mídia de esquerda radical nem sequer menciona".
Em resposta, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, defendeu a política de reforma agrária do país, afirmando que se trata de um "processo legal determinado pela Constituição" e que o governo "não confiscou nenhuma terra".
- No mês passado, Ramaphosa sancionou uma lei de desapropriação que permite ao governo nacionalizar terras sem indenização quando considerar a medida "justa, equitativa e de interesse público".
- A nova legislação tem como finalidade reduzir as disparidades raciais na posse de terras, uma questão que persiste desde o fim do Apartheid, em 1994.