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Guerra comercial? China entra com ação na OMC contra tarifas de Trump

O gigante asiático poderá adotar medidas retaliatórias, enquanto o Canadá e o México também se opõem às ações da Casa Branca.
Guerra comercial? China entra com ação na OMC contra tarifas de TrumpGettyimages.ru / narvikk

A China entrará com uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotará outras medidas de retaliação contra as novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre seus produtos.

A informação foi divulgada pelo Ministério do  Comércio chinês em um comunicado no domingo (02). Segundo o documento, Pequim considera o aumento unilateral das tarifas de Washington como uma "grave violação" das regras da OMC, conforme relatado pelo South China Morning Post.

As tarifas

Trump assinou, no sábado, a ordem executiva que impõe tarifas sobre a China, México e Canadá, citando falhas desses países em conter o fluxo de migrantes e drogas ilegais, como o fentanil, para os EUA.

Para justificar o aumento das tarifas, Trump declarou uma emergência econômica nacional, invocando a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), que lhe confere autoridade para administrar unilateralmente as importações.

As tarifas, que entrarão em vigor em 4 de fevereiro, serão de 25% sobre todas as importações do México e a maioria dos produtos do Canadá, além de 10% sobre os produtos chineses. De acordo com um comunicado da Casa Branca, as tarifas permanecerão em vigor sem isenções "até que a crise seja resolvida".

China se opõe

O Ministério do Comércio da China expressou "forte insatisfação" com a ação de Washington e afirmou que se opõe "firmemente" à medida.

"Isso não só é ineficaz para resolver os problemas internos [dos EUA], como também prejudica a cooperação econômica e comercial normal entre a China e os Estados Unidos", disse o ministério, acrescentando que Pequim "tomará as contramedidas correspondentes para proteger firmemente seus próprios direitos e interesses", embora sem fornecer detalhes.

A China ressaltou que os EUA deveriam "ver e tratar de forma objetiva e racional seus próprios problemas", como as importações ilegais de drogas, em vez de "ameaçar outros países com tarifas".

Ação na OMC

O ministério anunciou que apresentará uma reclamação formal à OMC sobre as novas tarifas. A organização tem poder legal para permitir que um país que sofra com tarifas de outro responda com suas próprias tarifas. Como ambos, EUA e China, são membros da OMC, eles devem acatar suas decisões em disputas comerciais.

Já o Ministério das Relações Exteriores da China qualificou as tarifas como "não construtivas" e alertou que a medida pode reacender uma guerra comercial.

"A posição da China é firme e consistente. Guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores [ ...] Essa medida não pode resolver os problemas internos dos EUA e, mais importante, não beneficia nenhum dos lados, muito menos o mundo", afirmou o ministério em um comunicado no sábado. A China também alertou que as novas tarifas "prejudicarão a cooperação contra o narcotráfico entre os dois países no futuro".

O Canadá e o México já se manifestaram contra as acusações e tarifas de Trump. Poucas horas após o anúncio, o Canadá impôs tarifas de 25% sobre produtos norte-americanos, abrangendo "itens de uso diário", conforme afirmou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

Reações do México

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, instruiu, no sábado, o Ministério da Economia do México a implementar o "Plano B", que envolve medidas retaliatórias tarifárias e não tarifárias contra Washington. Embora os detalhes não tenham sido divulgados, fontes afirmam que o México planeja medidas contra setores norte-americanos, como o agrícola.