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Com medo de Trump, Panamá encerrará parceria com a China
O anúncio do presidente panamenho foi feito em meio a ameaças de Washington para conter suposta influência chinesa sobre o canal.
O presidente do Panamá, José Raul Mulino, anunciou no domingo que o país não renovará sua participação no projeto Cinturão e Rota, idealizado pela China, segundo informa a imprensa local.
A declaração foi feita após uma reunião entre Mulino e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que exigiu "mudanças imediatas" na administração do Canal do Panamá.
A hidrovia – construída pelos EUA no início do século XX e transferida ao governo panamenho em 1999 – estaria, segundo Washington, sob forte influência chinesa.
"O memorando de entendimento de 2017 sobre a Iniciativa do Cinturão e Rota não será renovado pelo meu governo", afirmou Mulino a jornalistas após o encontro com Rubio.
O presidente panamenho também indicou que pode avaliar o encerramento antecipado do acordo, ainda em vigor, cuja renovação estava prevista apenas para os próximos anos.
Durante a reunião, Rubio advertiu que a presença chinesa no canal poderia violar o tratado de 1977 entre Panamá e EUA, que garante a neutralidade permanente da hidrovia. O secretário de Estado ressaltou que, caso a influência da China não fosse reduzida, Washington iria adotar medidas de retaliação.
No domingo, Trump reforçou sua posição, afirmando a jornalistas que "a China está administrando o Canal do Panamá", que teria sido "entregue ao Panamá de forma insensata". Ele acrescentou que os EUA "vão retomá-lo, ou algo muito poderoso vai acontecer".
Mulino, porém, afirmou "não ter entendido" uma ameaça imediata de retaliação por parte dos EUA após sua conversa com Rubio, que descreveu como "respeitosa" e "positiva". O presidente panamenho também descartou a possibilidade de discutir a propriedade do canal com Washington.
Por sua vez, o governo chinês negou qualquer intenção de interferir na soberania panamenha sobre a hidrovia. Em dezembro, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, declarou que Pequim reconhece o Canal do Panamá como uma hidrovia internacional de neutralidade permanente.
- Lançada em 2013, a iniciativa Cinturão e Rota é um programa global de desenvolvimento que busca conectar países por meio de rotas terrestres e marítimas, e de projetos de infraestrutura. O Panamá foi o primeiro país latino-americano a aderir ao projeto.
Como o Canal do Panamá moldou o comércio global? Entenda com nosso artigo.
