Em uma entrevista concedida nesta semana à Rádio Brasil de Fato, Rodrigo Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), afirmou que a Petrobras já está cumprindo com as exigências do órgão ambiental.
A entidade rejeitou a primeira versão apresentada pela grande petroleira, mas mostrou-se mais receptiva à segunda:
"A primeira análise que a equipe fez é que, de fato, ter uma base [de apoio] em Oiapoque, que está 170 quilômetros da área de perfuração enquanto Belém está a 870 quilômetros, significa que o tempo de resposta ao eventual acidente é muito mais curto", afirmou Agostinho.
Nesse contexto, declarou ter sido informado pela Petrobras que a base deve ficar pronta em maio, passando a depender apenas da análise dos servidores do Ibama e da avaliação pré-operacional.
Tema controverso
A exploração da região é um dos temas mais controversos do governo Lula. Ambientalistas alertam para riscos à biodiversidade, enquanto especialistas do setor defendem a necessidade de novas reservas.
"É uma região que tem 70% dos manguezais brasileiros. Tem muita biodiversidade, é uma área muito rica, a maioria de pesca. Tudo isso acaba sendo colocado em consideração pelos técnicos do Ibama, que estão avaliando a viabilidade ambiental dessa atividade e todos os riscos inerentes à atividade de produção de petróleo", afirmou Agostinho.
Por sua vez, Dayvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), alertou que o Brasil tem segurança e soberania energética apenas até 2030. Depois desse período, importar petróleo do exterior pode se tornar necessário.
"Não é um cenário que o brasileiro merece e que precisa ser evitado. O país não pode viver sem esses investimentos", argumentou Júlio Moreira, diretor-executivo da Exploração e Produção do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
O que é a Margem Equatorial?
Abrangendo uma área com mais de 2,2 mil km de litoral, a Margem Equatorial brasileira representa um importante potencial petrolífero, "capaz de viabilizar a produção de petróleo de menor custo e menor emissão de carbono", de acordo com a Petrobras.
As cinco bacias em alto-mar da região ainda são pouco exploradas, mas despertam grande interesse em razão de suas características geológicas similares às da Guiana - que é projetada para duplicar seu PIB até 2028 graças às descobertas.
Sua localização geográfica, ao Norte e Nordeste do Brasil, poderia ainda viabilizar uma exploração capaz de beneficiar "os excluídos da energia", de acordo com o Ministério de Minas e Energia.
Em seu plano estratégico para 2024-2028, a gigante brasileira de exploração de petróleo anunciou que planeja perfurar 16 poços na Margem Equatorial brasileira ao longo dos quatro anos, e delimitou um orçamento bilionário para pesquisas na região.