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Banco de Wall Street revela condições do FMI para Argentina

O relatório do Bank of America observa que o Fundo Monetário pressionará por mais ajustes fiscais, aumento dos juros e flexibilização da taxa de câmbio.
Banco de Wall Street revela condições do FMI para ArgentinaPresidência Argentina

Os analistas do Bank of America (BOFA) elaboraram um relatório com previsões sobre o acordo em negociação entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Entre os principais pontos, destacam-se o aprofundamento dos ajustes fiscais e o aumento da flexibilidade da taxa de câmbio, o que poderia resultar em uma desvalorização do peso, com o dólar valendo 1.400 pesos. O governo de Javier Milei rejeitou essas projeções.

Segundo as previsões divulgadas nesta quarta-feira, o acordo será formalizado ao longo de quatro anos e o FMI poderá liberar até US$ 20 bilhões, valor superior ao solicitado pelo governo argentino, que planeja receber entre US$ 11 bilhões e US$ 15 bilhões.

"Nesse cenário, esperamos que o FMI desembolse entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões na primeira fase, dependendo dos esforços para implementar a política fiscal, a flexibilidade da taxa de câmbio e outras reformas estruturais", explicou o BOFA. Os analistas acrescentaram que os recursos devem ser destinados principalmente ao pagamento da dívida com o próprio FMI.

O relatório também destaca que, considerando os longos prazos de vencimento do Fundo a partir de 2026, o programa pré-financiará parte significativa (mas não toda) do compromisso com o FMI.

O acordo precisará ser ratificado pelo Congresso da Argentina, e, segundo o BOFA, isso pode ocorrer já em abril. Caso isso não seja possível, há a possibilidade de o governo utilizar um decreto de necessidade e urgência para avançar.

Condições

O BOFA afirma que o FMI imporá uma série de condições para o avanço do acordo. Entre elas, está a necessidade de um ajuste fiscal adicional equivalente a 1% do PIB em 2026-2027, que pode ser alcançado "mantendo algumas das receitas adicionais durante a recuperação do PIB e reduzindo ainda mais os subsídios à energia".

Espera-se também que a desvalorização do peso se acelere após as eleições legislativas de outubro, levando à unificação de várias taxas de câmbio em dezembro. O valor do dólar, nesse caso, chegaria a 1.400 pesos, resultado da remoção dos controles cambiais, com as reservas de pesos ainda sob controle.

Outra exigência do acordo será a definição de uma meta para o acúmulo de reservas do Banco Central, o que deve proporcionar maior liberdade para o mercado de câmbio. Além disso, a sustentabilidade da dívida dependerá de um aumento na taxa de juros do peso, o que ajudaria na eliminação das restrições à compra de moeda estrangeira.

Resposta do governo

O ministro das Finanças da Argentina, Luis Caputo, negou os rumores de uma possível desvalorização como parte do acordo com o FMI, assim como outras condições que estariam sendo propostas. "Nada do que se diz sobre o acordo com o Fundo é verdade. É difícil errar, mas eles estão acertando", escreveu Caputo em sua conta no X.