Cuba condena decisão de Trump de prender imigrantes ilegais em Guantánamo

A chancelaria do país caribenho classificou a decisão como "uma brutalidade" e ressaltou que o território é "ocupado militarmente de forma ilegal" pelos Estados Unidos.

Cuba condenou, na quarta-feira (29), a decisão do presidente norte-americano Donald Trump de usar o centro de detenção de Guantánamo para aprisionar 30 mil imigrantes irregulares que o governo dos EUA considera "os criminosos de alta prioridade".

Em nota, divulgada em seu site, o Ministério das Relações Exteriores do país caribenho chamou a decisão dos EUA de deter migrantes em Guantánamo como "demonstração de brutalidade", atribuindo ao país norte-americano a culpa por tal resultado.

"Muitas das pessoas que os Estados Unidos estão expulsando ou pretendem expulsar são vítimas das políticas de pilhagem desse governo e cobrem as necessidades de mão de obra que historicamente existiram na agricultura, construção, indústria, serviços e vários setores da economia dos EUA", afirmou.

A chancelaria cubana acrescentou que entre as pessoas que serão expulsas estão os, cuja detenção eventual é "resultado de facilidades na fronteira para entrar no país, regras seletivas e politicamente motivadas que os acolhem como refugiados, e também os danos socioeconômicos causados por medidas coercitivas unilaterais".

"Território ocupado"

O ministério enfatizou que "o território onde se propõe confiná-los não pertence aos Estados Unidos".

"Trata-se de uma parte do território cubano na província oriental de Guantánamo, que continua ocupada militarmente de forma ilegal e contra a vontade da nação cubana", ressaltou.

O ministério também denunciou que os EUA transformaram o enclave militar em "um centro de tortura e detenção indefinida, fora da jurisdição dos tribunais norte-americanos, onde há pessoas detidas há até 20 anos que nunca foram julgadas ou condenadas por qualquer crime".

"Deter os imigrantes ilegais mais criminosos"

Na quarta-feira (29), Trump assinou uma ordem executiva para preparar um centro de detenção na Baía de Guantánamo (Cuba), onde os Estados Unidos mantêm uma base militar, com vista a deter até 30 mil migrantes ilegais que não podem ser deportados para os seus países de origem.

O presidente dos EUA declarou que a prisão será usada para "deter os migrantes ilegais mais criminosos que ameaçam o povo norte-americano" pois, segundo ele, "alguns deles são tão ruins que nem mesmo confiamos em seus países para mantê-los presos, porque não queremos que eles voltem, então estamos enviando-os para Guantánamo [...] um lugar de onde é difícil sair".