
Testemunhas denunciam trabalho forçado na Opus Dei no México

Pela primeira vez na história da Opus Dei no México, três mulheres denunciaram a exploração laboral que sofreram durante décadas em uma instituição religiosa.
"Las mucamas de Dios" (As empregadas de Deus) é o título da reportagem publicada na terça-feira (28) pelo site Animal Político e escrita pelas jornalistas Gloria Piña e Paula Bistagnino (autora do livro "Te serviré. Fé, poder e disciplina. El plan del Opus Dei para beneficiarse de una de las mayores fortunas de América del Sur").
As autoras obtiveram os testemunhos de Teresita, Mercedes e Ofelia, que passaram 15, 25 e 30 anos, respectivamente, como "ajudantes auxiliares" em diferentes filiais do Opus Dei no México.

As três eram adolescentes quando entraram em uma instituição onde imediatamente começaram a ser treinadas para serviços domésticos profissionais.
O custo de se entregarem à "obra", como a Opus Dei chama sua missão religiosa, foi a separação forçada de suas famílias e a exploração laboral, pois nunca receberam um salário pelo árduo trabalho de limpeza que realizaram durante décadas. Também foram obrigadas a se submeter a uma vida de castidade, pobreza e obediência.
A rotina das "ajudantes auxiliares" é semelhante: trabalhar das seis da manhã às dez da noite com tarefas como limpeza, preparação de alimentos, lavagem, costura, às quais se somavam momentos de exercícios espirituais e oração.
Durante a semana, elas eram proibidas de ouvir música e assistir à televisão. Aos sábados e domingos, eram isentos dessa restrição, mas somente com a autorização prévia de seus supervisores.
Elas ainda eram obrigadas a se auto-flagelarem. Enquanto trabalhavam, tinham que usar uma cinta de metal com espinhos presos à perna por duas horas, dormir em uma tábua ou no chão, tomar banhos frios pelo menos uma vez por semana e a se chicotear nas costas com uma corda de várias pontas amarrada para "evitar paixões carnais".