Notícias

O que a América Latina planeja fazer para ajudar os deportados por Trump?

Os programas incluem a abertura de centros de atendimento, além de apoio financeiro.
O que a América Latina planeja fazer para ajudar os deportados por Trump?Moises Castillo

Assim que o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu o cargo em 20 de janeiro, ele começou a implementar uma política anti-imigração, que havia prometido em sua campanha, incluindo o reforço da fronteira sul do país e a deportação de milhares de pessoas.

Diante dessa situação, vários países latino-americanos divulgaram seus planos, mesmo antes do início das deportações, para receber os repatriados.

Brasil

governo brasileiro anunciou no último domingo que pediria explicações às autoridades norte-americanas sobre o tratamento "degradante" dado aos cidadãos brasileiros que foram algemados e deportados dos EUA.

Um dia depois, o Ministério das Relações Exteriores do país convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, Gabriel Escobar, para dar essas explicações.

O norte-americano foi recebido por Márcia Loureiro, chefe de Assuntos Consulares do ministério brasileiro, e a embaixada dos EUA confirmou o encontro, que descreveu como uma "reunião técnica", sem revelar os tópicos discutidos.

México

A estratégia nacional implementada pelas autoridades mexicanas resume-se em um programa denominado "México abraça você", que inclui a instalação de 10 centros de atendimento a migrantes em municípios adjacentes aos 11 pontos de retorno.

A estratégia também busca oferecer assessoria técnica, legal e jurídica aos cidadãos mexicanos nos EUA; fornecer apoio econômico equivalente a 100 dólares para que os deportados possam usá-lo para retornar aos seus locais de origem no país; e afiliá-los ao esquema de segurança e aos programas sociais, incluindo moradia, bem como fornecer-lhes instalações para que possam ter acesso a fontes de emprego e efetivar sua reintegração ao retornar ao México.

Na terça-feira, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, defendeu a estratégia: "Estamos agindo com dignidade, soberania e grande responsabilidade, e sempre buscando o diálogo em defesa da soberania e do respeito dos mexicanos", disse ela.

Mais cedo na segunda-feira, o presidente informou que, desde 20 de janeiro, os EUA haviam deportado 4.094 pessoas em situação administrativa irregular, a maioria delas de nacionalidade mexicana.

Guatemala

Na Guatemala, foi anunciado o plano "Retorno ao Lar", que busca "garantir que cada repatriado receba tratamento digno e tenha acesso a oportunidades para reconstruir suas vidas no país", de acordo com o Instituto Guatemalteco de Migração (IGM).

O programa inclui atenção às suas necessidades imediatas, por meio de ajuda humanitária, bem como acesso a programas governamentais de emprego, educação, saúde e treinamento.

Na segunda-feira, em uma coletiva de imprensa, o diretor do IGM, Alfredo Danilo Rivera, informou que eles planejam montar um espaço para atender aos migrantes deportados no Parque de la Industria, um local de convenções e feiras localizado a poucos quilômetros do centro da Cidade da Guatemala.

De acordo com o funcionário, de 1º a 24 de janeiro deste ano, 3.297 guatemaltecos retornaram; desses, 2.879 retornaram por via aérea dos EUA e o restante do México.

Honduras

A presidente de Honduras, Xiomara Castro, anunciou na segunda-feira o lançamento do programa "Hermano, vuelve a casa" (Irmão, volte para casa), que fornece dinheiro, alimentos e instalações para o desenvolvimento de trabalho para os migrantes que retornaram.

Segundo a presidente, de acordo com esse plano, cada uma dessas pessoas receberá "apoio de US$ 100, uma ração de alimentos e US$ 1.000 em capital inicial para iniciar pequenas e médias empresas por meio das cooperativas financeiras rurais e urbanas". Além disso, haverá "programas de assistência e empregos nas áreas de treinamento e segurança, polícia e agências de proteção florestal para se juntar rapidamente ao desenvolvimento econômico nacional".

Colômbia

O governo colombiano concordou em receber os voos de repatriados impostos pelo governo Trump, após uma controvérsia que levou a ameaças mútuas, incluindo sanções econômicas e uma guerra tarifária. A crise foi resolvida, por enquanto, após intensas negociações nas quais Bogotá pressionou por um tratamento digno para seus cidadãos.

Os primeiros retornos ocorreram na terça-feira. O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse que o primeiro voo, de San Diego, na Califórnia, transportou 110 pessoas; e o segundo, que partiu de El Paso, no Texas, trouxe outros 91 para o país sul-americano, totalizando 201 migrantes.

Por sua vez, o presidente colombiano, Gustavo Petro, que publicou fotos dos primeiros migrantes que retornaram na terça-feira, indicou que seu governo havia estruturado um "plano de crédito produtivo, associativo e barato para os migrantes".

Martha Hernández, diretora responsável pela Migração Colômbia, informou que Petro "está coordenando e dando instruções para o atendimento integral dos deportados".

Equador

No Equador, a ministra das Relações Exteriores, Gabriela Sommerfeld, disse na segunda-feira que o país tem um plano de contingência para atender aos deportados, que consiste em "pacotes" de ajuda.

"Pela primeira vez no Equador, com a ajuda do Programa Mundial de Alimentos, foram criados pacotes para receber equatorianos que são devolvidos à força ao Equador", afirmou ela à Teleamazonas.

Ela explicou que esses pacotes abrangem as áreas de educação e saúde, bem como a entrega de dinheiro para que os repatriados possam chegar aos seus locais de origem, além de ajuda psicológica e até mesmo um 'chip' telefônico.