O Comitê Internacional da Cruz Vermelha alertou sobre o risco de vazamento de amostras do vírus Ebola e outros agentes patogênicos de um laboratório em Goma, no leste da República Democrática do Congo, devido aos combates em curso.
O diretor regional para a África do Cruz Vermelha, Patrick Youssef, afirmou nesta terça-feira que o laboratório do Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica está sujeito a um corte de energia, o que representa um grande perigo.
De acordo com as autoridades da ONU, aproximadamente 6,5 milhões de pessoas foram deslocadas e os hospitais estão superlotados devido ao grande número de feridos. A Reuters, com base em informações de organizações humanitárias, reportou que as ruas de Goma estavam tomadas por corpos de vítimas e que a cidade havia sido bombardeada.
Em Quinxassa, manifestantes atacaram prédios da ONU e embaixadas, incluindo as de Ruanda, França e Estados Unidos, em protesto contra a suposta interferência estrangeira.
Na terça-feira, a África do Sul informou a morte de mais quatro soldados da força de paz na República Democrática do Congo, elevando para 13 o número de baixas de seu país. O Uruguai e o Malawi também registraram mortes entre seus militares, em meio à escalada do conflito.
A Rússia tem expressado preocupação com a suposta transferência, por parte dos EUA, de projetos biológicos militares ilegais da Ucrânia para a África.
O ex-chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas Russas, tenente-general Igor Kirilov, acusou Washington de utilizar países como República Democrática do Congo, Serra Leoa, Camarões e Uganda como campos de testes para patógenos perigosos e tratamentos experimentais. Kirilov foi assassinado no mês passado em Moscou, juntamente com seu assessor.
A Cruz Vermelha expressou grande apreensão sobre a situação do laboratório, destacando as possíveis consequências catastróficas da liberação de amostras, incluindo o vírus Ebola. Goma, capital de Kivu do Norte, tem sido cenário de intensos combates desde a tomada da cidade por rebeldes do M23, que enfrentam as forças armadas do Congo e a missão de paz da ONU.
- A região leste da República Democrática do Congo sofre há décadas com a violência gerada pela disputa entre diversos grupos armados, como o M23, supostamente apoiado por Ruanda, pelo controle de recursos valiosos como ouro e diamantes.