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Mercosul não deve "ser um impedimento" para um acordo comercial com os EUA, diz Milei

A Argentina não é o primeiro membro do grupo a tentar assinar um TLC unilateral com um terceiro país.
Mercosul não deve "ser um impedimento" para um acordo comercial com os EUA, diz MileiGettyimages.ru / Paul Morigi

De acordo com o presidente argentino Javier Milei, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) não deve ser "um impedimento" para que cada membro do bloco assine acordos comerciais "independentemente", já que a Argentina está trabalhando para concluir um com os EUA.

"Estamos trabalhando arduamente na possibilidade de assinar um acordo de livre comércio (TLC) [com os EUA]", declarou o presidente em entrevista à Bloomberg de Davos, onde participa do fórum econômico de Davos.

A esse respeito, ele garantiu que, no exercício de sua presidência pro tempore do Mercosul, foi proposto que cada uma das nações tenha "independência para trabalhar em acordos comerciais".

Em sua opinião, a necessidade de um TLC com os EUA se justifica porque "a Argentina decidiu se reintegrar ao mundo, a Argentina quer recuperar sua era de ouro, quando era um ator importante no mundo. E para que isso aconteça, temos que avançar com os TLCs, temos que abrir a economia e o Mercosul não pode ser um obstáculo para isso".

Milei afirmou que Buenos Aires estava "trabalhando em paralelo com o governo dos EUA para avançar em direção a um TLC" e que também estava fazendo isso com seus parceiros do Mercosul, de modo que a entidade supranacional "não fosse um obstáculo ao livre comércio".

O tratado que não foi

Essa não é a primeira vez que um membro do Mercosul expressa seu desejo de assinar um TLC com um terceiro país. Sob a presidência de Luis Lacalle Pou, o Uruguai avançou na possibilidade de assinar um TLC bilateral com a China. As negociações começaram em 2021 e, em 2022, o presidente anunciou que o estudo de viabilidade havia sido concluído e que só faltava iniciar as negociações.

"O que começou em setembro de 2021, que foi o acordo de viabilidade conjunta com a República Popular da China, foi concluído e, com satisfação, podemos dizer que essa conclusão é positiva, que chegamos a um acordo que é benéfico para ambos os países. E agora, sim, podemos iniciar formalmente as negociações para um TLC", afirmou Lacalle na época.

No entanto, a decisão foi rejeitada pela Argentina, Brasil e Paraguai, que consideraram que a decisão afetava a política tarifária comum. A carta de fundação da aliança comercial estabelece que tal iniciativa deve ser informada e aceita pelo restante dos membros, o que deixou o acordo em dúvida.

Mais tarde, Lacalle admitiu que não havia conseguido "convencer o Mercosul", mas defendeu que seu sucessor, Yamandú Orsi, poderia ter sucesso onde ele não conseguiu: "Todos nós temos que avançar com a China ou com outros países, ou o Uruguai pode avançar bilateralmente", afirmou em novembro.