
'Os alemães estão sendo enganados' sobre ajuda à Ucrânia, declara Scholz

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, acusou seus críticos de iludir a população sobre sua postura em relação ao pacote de assistência de 3 bilhões de euros (cerca de US$ 3,1 bilhões) para a Ucrânia.
A proposta, apresentada pela ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, e pelo ministro da Defesa, Boris Pistorius, enfrenta resistência, enquanto altos funcionários responsabilizam Scholz pelo atraso na aprovação.
Scholz argumentou que os defensores da medida não têm sido claros sobre como o financiamento será viabilizado.
“O povo alemão está sendo enganado por aqueles que evitam explicar como o pacote será custeado”, declarou o chanceler em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung na segunda-feira (20).
O auxílio à Ucrânia tornou-se um tema central no debate político com a aproximação das eleições gerais na Alemanha. Scholz, que representa o Partido Social Democrata (SPD), é candidato à reeleição como chefe de governo.

Baerbock, do Partido Verde, criticou na semana passada políticos que priorizam interesses domésticos em detrimento do que chamou de “responsabilidade pela paz na Europa”, em uma tentativa de atrair eleitores.
A coalizão governamental, que incluía o Partido Verde, entrou em colapso no ano passado em meio a divergências com o SPD e o Partido Democrático Livre (FDP) sobre as prioridades orçamentárias.
Friedrich Merz, do partido oposicionista Democratas Cristãos (CDU), também condenou Scholz por não ampliar a ajuda à Ucrânia. Merz é considerado favorito nas pesquisas, com a aliança CDU/CSU liderando a preferência do eleitorado.
Já o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), conhecido por sua posição anti-imigração, diferencia-se por rejeitar qualquer financiamento adicional para Kiev.
Apesar das divisões internas sobre o apoio futuro à Ucrânia, a Alemanha continua sendo o segundo maior doador de assistência ao país, atrás apenas dos EUA. Entre janeiro de 2022 e outubro de 2024, Berlim forneceu cerca de 11 bilhões de euros em ajuda, de acordo com o Instituto Kiel para a Economia Mundial.