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Milhares de ativistas pró-Bolsonaro manifestam-se em São Paulo em meio à acusação de golpe

Protestos ocorrem em meio à crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv, e contaram com manifestação do chanceler israelense e do presidente argentino Javier Milei.
Milhares de ativistas pró-Bolsonaro manifestam-se em São Paulo em meio à acusação de golpeAP / Andre Penner

Milhares de manifestantes reuniram-se na cidade de São Paulo em um ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga suposta tentativa de golpe de estado. 

Aliados tradicionais do ex-presidente, como os governadores Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, participaram do evento que, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, reuniu aproximadamente 750 mil pessoas.

O protesto recebeu ampla cobertura da imprensa internacional e tem como plano de fundo uma crise diplomática entre Brasil e Israel. Bolsonaro, inclusive, chegou à manifestação com uma bandeira israelense, em aparente protesto contra a postura do presidente Lula, que protagoniza acusações mútuas com autoridades de Tel Aviv.

Eleições de 2022

Durante seu discurso na ocasião, o ex-mandatário voltou a falar sobre as eleições presidenciais de 2022, sobre as quais tradicionalmente levanta suspeições acerca da condução. Ele referiu-se ao processo como "página virada", apesar de ter feito aparente menção à demanda pelo voto impresso:

Sabemos o que precisa ser feito para o futuro. Para que todos não tenham dúvidas da transparência daquilo que nós devemos ter. E em especial quando se elege um representante nosso.

Suposta perseguição

Em repetidos momentos durante sua fala, Bolsonaro posicionou-se como vítima de perseguição após ter deixado a presidência da República, mencionando o caso das jóias recebidas como presente e a acusação de que planejava um golpe de estado. 

O ex-presidente rejeitou a acusação de que queria dar um golpe de estado. "O que é golpe? Golpe é tanque na rua. É arma. É conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. Isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil", afirmou.

Ele reconheceu, no entanto, o documento encontrado em sua posse, apelidado de "minuta do golpe". Apontou, contudo, que o estado de sítio previsto é um "dispositivo da Constituição" legítimo, que exige aprovação do parlamento, apesar de não ter sido levado adiante.

Atos do 8 de janeiro

Em relação aos atos contra prédios institucionais no 8 de janeiro de 2023, o ex-presidente fez críticas aos que os depredaram. Falou contra, no entanto, as "penas que fogem ao mínimo da razoabilidade" impostas aos "pobres coitados" envolvidos. 

Também clamou para que os parlamentares de ambas as casas legislativas elaborem um projeto de lei que anistie os envolvidos.

Pacificação

Em determinado momento, o ex-mandatário, crítico da postura do Judiciário, clamou pela "pacificação" do país, mencionando novamente sua demanda por uma lei que anistie os envolvidos nos atos do 8 de janeiro:

"Eu busco é a pacificação. É passar uma borracha no passado. É buscar maneiras de nós vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados. É por parte do Parlamento brasileiro, (...) meus colegas aqui do lado. É uma anistia para que eles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. Há conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil".

Repercussão Internacional 

Após a realização da manifestação, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, realizou uma série de publicações exibindo a repercussão internacional da passeata, que recebeu cobertura de veículos árabes, norte-americanos e europeus, nas redes sociais. 

Algumas autoridades internacionais também reagiram às manifestações. É o caso de Israel Katz, ministro das Relações Exteriores de Israel, que pronunciou-se através da rede social X:

Javier Milei, presidente da Argentina, repostou duas publicações em referência ao ato em suas redes sociais. Elas qualificam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "ditador" e "pró-Hamas".