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Cientistas descobrem como as baleias de barbas "cantam" embaixo d'água

Uma equipe de especialistas estudou as laringes de três espécimes e conseguiu determinar como funciona o aparelho de fonação deles.
Cientistas descobrem como as baleias de barbas "cantam" embaixo d'águaGettyimages.ru / David L. Ryan/The Boston Glob

Como as baleias de barbas conseguem "cantar" debaixo d'água sem se afogar foi o tema da pesquisa de um grupo de cientistas que conseguiu determinar como funciona o saco que permite que elas emitam sons.

Para o estudo, a equipe liderada por Coen Elemans, professor do Departamento de Biologia da Universidade do Sul da Dinamarca, extraiu os tratos vocais de uma baleia jubarte, uma baleia minke e uma baleia sei (baleia fin) que morreram encalhadas perto de seu laboratório.

Além de realizar tomografias computadorizadas e simulações em 3D, eles usaram as amostras para fornecer ar com a intenção de imitar o funcionamento dos pulmões. "Acabamos usando balões de festa para alimentar o sistema", explicou Elemans. Esse teste permitiu que eles vissem que as cordas vocais não vibram como as dos humanos, mas se esfregam em uma almofada de gordura, localizada na parte posterior da laringe.

É por meio desse mecanismo que seus sons diferem, com as baleias jubarte cantando, as baleias sardinheiras emitindo sons de baixa frequência e as baleias minke grasnando como patos.

"Esses animais inventaram fisiologicamente uma novidade evolutiva para emitir sons embaixo d'água com essa estranha laringe", disse Elemans, que observou que essa adaptação da laringe surgiu quando os ancestrais terrestres das baleias retornaram ao oceano há cerca de 50 milhões de anos. Então, diante da necessidade de se comunicar enquanto usavam a laringe para alimentação e separação das vias aéreas, elas desenvolveram esse sistema.

O perigo da poluição sonora

Para testar o funcionamento dos músculos da laringe, os especialistas, liderados por Elemans, usaram simulações de computador em 3D e descobriram que eles não são capazes de produzir frequências acima de 300 Hertz ou abaixo de 100 metros.

Nesse sentido, o pesquisador explicou que essa "profundidade e faixa de frequência se sobrepõem quase perfeitamente ao que os humanos produzem", razão pela qual o ruído gerado pelos navios, entre 30 e 300 hertz, pode gerar complicações de comunicação para as baleias.

Apesar dessa descoberta, os pesquisadores ressaltaram que ainda são necessárias mais pesquisas para entender como funciona o mecanismo de comunicação das baleias. Os resultados foram publicados na revista Nature.