Acordo de cessar-fogo 'veio tragicamente tarde', diz Médicos Sem Fronteiras

Desde o anúncio do cessar-fogo, pelo menos 101 palestinos foram mortos em ataques israelenses, incluindo dezenas crianças e mulheres.

O acordo do cessar-fogo em Gaza "veio tragicamente tarde, quando inúmeras vidas já foram perdidas e população sofreu demais", declarou em nota na quinta-feira a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e da libertação de reféns foi assinado na quinta-feira em Doha, capital do Catar.

A oficina do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou a informação, relatando que uma reunião será convocada para aprovar o acordo. Contudo, ela não está programada para entrar em vigor até a noite de sábado, já que os oponentes do acordo devem ter 24 horas para apresentar uma petição à Alta Corte de Justiça. 

Por motivos religiosos, muitos deles têm que cumprir regras do sábado, o que atrasará o regresso dos primeiros reféns, detalhou o The Israel Times.

Disputas no acordo 

Na quarta-feira, mediadores anunciaram que Israel e Hamas tinham chegado a um acordo de cessar-fogo, mas, após o anúncio, houve discordância sobre a lista final de prisioneiros palestinos a serem libertados de prisões israelenses.

Anteriormente, Israel já havia usado seu veto, previsto no acordo, para bloquear a libertação de alguns indivíduos que cumprem penas de prisão perpétua, mas o Hamas insistiu novamente na libertação deles como uma nova exigência nas negociações.

A disputa foi resolvida com assistência de mediadores do Catar e do Egito, bem como a dos enviados de Biden e Trump. Contudo, a assinatura demorou ainda mais horas.

Além disso, segundo a agência de notícias Al Jazeera, pelo menos 101 palestinos foram mortos, incluindo 27 crianças e 31 mulheres, em ataques israelenses em Gaza desde o anúncio de um acordo de cessar-fogo.

Fases do acordo

A primeira fase do acordo durará 42 dias. Nessa fase, o Hamas concordou em libertar 33 reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos ainda detidos em Israel.

A segunda fase prevê a troca dos reféns restantes ainda vivos, incluindo soldados do sexo masculino, e a retirada de todos os militares israelenses que permanecerem em Gaza até lá.

A terceira fase se concentrará na devolução dos restos mortais dos reféns mortos às suas famílias e na implementação de um plano de reconstrução para o enclave palestino.