As relações entre a futura administração norte-americana e o governo Lula podem se tornar mais tensas, com Trump cogitando impor tarifas comerciais contra o Brasil, informou o jornal Wall Street Journal (WSJ) na quarta-feira.
De acordo com o jornal, as medidas podem ser uma resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso não autorize a viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro para a posse de Trump.
A recusa do STF "corre o risco de prejudicar as já frágeis relações da equipe de Trump" com o governo brasileiro, disse o WSJ, citando fontes próximas ao republicano.
As fontes afirmaram que o presidente eleito dos Estados Unidos considerava usar a pressão econômica como resposta a países que promovem "guerras jurídicas" contra opositores políticos.
"A pior forma de o governo Lula iniciar sua relação com a administração Trump é transformar seu governo em arma contra seu adversário político", declarou ao jornal uma pessoa ligada à nova administração norte-americana.
Segundo o WSJ, Trump vê essa prática de "guerra jurídica" como semelhante ao que ele próprio enfrentou nos Estados Unidos.
Viagem de Bolsonaro
Recentemente, a defesa de Bolsonaro pediu ao STF a devolução de seu passaporte, alegando que ele precisava viajar aos Estados Unidos entre 17 e 22 de janeiro para participar da posse de Donald Trump.
Em resposta, o ministro Alexandre de Moraes determinou que os advogados do ex-presidente apresentassem um documento oficial do governo norte-americano comprovando o convite formal para a cerimônia. A defesa argumentou que o convite havia sido enviado por e-mail pela equipe cerimonial da posse.
Bolsonaro enfrenta restrições para deixar o Brasil desde que seu passaporte foi retido pela Polícia Federal, em fevereiro de 2024, como parte das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado e sua ligação com os ataques de 8 de janeiro.
Relações tensas
As relações entre Brasil e Estados Unidos, especialmente com autoridades republicanas, estão deterioradas devido à decisão do STF de bloquear a rede social X (antigo Twitter).
O bloqueio, determinado por Alexandre de Moraes, gerou críticas intensas de políticos norte-americanos, que pediram sanções contra o Brasil. Esse tipo de situação não é novidade, já que instituições dos EUA frequentemente denunciam o que consideram ser restrições à liberdade de expressão no Brasil.
Além disso, Donald Trump já havia ameaçado o Brasil e outros membros do BRICS com "tarifas de 100%" caso o grupo decidisse criar uma moeda alternativa ao dólar.