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Um importante aliado dos EUA quer entrar no BRICS. Por quê?

Especialistas do Quênia conversaram com a RT sobre o desejo do país africano de se juntar ao grupo. Dentre as principais motivações estão o desejo de estimular seu crescimento econômico, aumentar sua influência global e livrar-se do controle do Ocidente.
Um importante aliado dos EUA quer entrar no BRICS. Por quê?Gettyimages.ru / Anadolu

Em novembro passado, o presidente do Quênia, William Ruto, anunciou que seu país deseja se tornar um membro do BRICS, tendo solicitando à China que apoie o desejo da nação africana de ingressar no grupo.

Em março deste ano, o Quênia passou a ser reconhecido como um ''aliado extra-OTAN'' pelos EUA. Trata-se de uma designação militar preferencial facilitando a compra de tecnologia militar e armamento norte-americano, concedida a países que possuem laços estratégicos com Washington.

De acordo com Jackson Okata, um premiado jornalista independente baseado em Nairóbi, o interesse é motivado pelo desejo do país em estimular o crescimento econômico e aumentar sua influência regional e global em meio às rápidas mudanças da geopolítica moderna.

Especialistas em diplomacia em Nairóbi argumentam que, assim como muitas outras nações do Sul Global, ao ingressar no BRICS, o Quênia busca se beneficiar de um modelo econômico global que atende às necessidades das nações em desenvolvimento.

"Vontade de se libertar do controle do Ocidente"

John Mbiti, pesquisador e analista de políticas do Instituto de Pesquisa e Análise de Políticas Públicas do Quênia (KIPPRA), afirma que o país africano "tende a se alinhar com um lado que garanta, assegure e respeite seus interesses políticos, econômicos, regionais e globais". 

Para Mbiti, uma das principais motivações do Quênia para ingressar no BRICS é se libertar do controle do Ocidente:

"A maioria dos estados africanos que são aliados do Ocidente tem suas economias sob jugo e o controle de instituições financeiras controladas pelo Ocidente e muitas nações africanas querem se libertar disso", contou à RT.

Mbiti observou ainda que nações poderosas do BRICS, como a Rússia e a China, têm a reputação de conceder facilidades de crédito às nações em desenvolvimento com termos mais favoráveis em comparação com os credores tradicionais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Adesão ao BRICS daria "espaço para respirar"

Conforme explicado pelo especialista em governança global Christopher Otieno, o Quênia é detentor de uma dívida crescente, atualmente avaliada em US$ 81,5 bilhões, e por isso, precisa de um plano de pagamento que não prejudique sua economia.

"O Quênia precisa de modelos de financiamento flexíveis que não sobrecarreguem sua economia. É provável que o BRICS ofereça modelos alternativos de financiamento com menos restrições", argumentou.

Otieno acrescentou que o ingresso ao grupo "daria ao Quênia o tão necessário espaço para respirar" e permitiria que ele não apenas lidasse com sua dívida, mas também apoiasse iniciativas econômicas e projetos de desenvolvimento social "sem comprometer sua autonomia fiscal".