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'Muitos morreram': ucraniana que escolheu Rússia alerta para militarização do esporte na Ucrânia

"Como a mobilização não para de se aumentar na Ucrânia, chegará a todos", alertou a atleta Larisa Zhalinskaya, que conseguiu fugir para a Rússia após ser forçada a servir na Guarda Nacional Ucraniana.
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Larisa Zhalinskaya, professora de esportes de nível internacional forçada a servir na Guarda Nacional Ucraniana, revelou à RT como conseguiu fugir da Ucrânia para a Rússia.

Retorno à pátria

Em uma entrevista à RT, divulgada na segunda-feira, a atleta revelou que um dos desafios para escapar da Ucrânia era economizar dinheiro, já que os subornos floresciam em sua unidade militar.

Larisa percebeu que teria que dar aos oficiais cerca de metade do soldo que era creditado em seu cartão a cada mês como "assistência material".

"Hoje, minhas ações estão sendo descritas por muitas pessoas como uma fuga para a Rússia, mas eu não as consideraria uma fuga, eu as chamaria de um retorno à minha terra natal, minha pátria histórica", disse ela.

Larisa explicou que é russa por nacionalidade e que sua cidade natal é Primorsk, localizada na província russa de Zaporozhie.

Ela contou que teve que se preparar cuidadosamente para não levantar suspeitas na unidade militar.

Segundo a atleta, o fato de que, desde a primavera [do hemisfério norte] de 2024, as mulheres militares têm permissão para viajar para o exterior lhe ajudou muito, já que conseguiu comprar bilhete para a República Tcheca.

"Eu também me assegurei de obter um segundo passaporte sem notificar a unidade militar", lembrou ela.

Por meio dos canais do Telegram e de seus amigos na Rússia, ela conseguiu encontrar transportes que a levaram de Lvov para a Polônia, de onde cruzou a fronteira com a Bielorrússia e, finalmente, voou de Minsk para Moscou, explicou.

Militarização do esporte

O conflito entre Moscou e Kiev teve um grande impacto na comunidade esportiva ucraniana, com centenas de atletas sendo forçados a entrar para o exército e mortos no campo de batalha.

Larisa foi forçada a servir na Guarda Nacional Ucraniana.

"Muitos foram enviados para a linha de frente, muitos deles já morreram. No último outono, o lado ucraniano declarou oficialmente que mais de 600 atletas e técnicos profissionais ucranianos morreram", disse ela. O número real poderia ser até maior, sugeriu.

"Para comparar, 140 atletas representaram a Ucrânia nos Jogos Olímpicos. [O equivalente a] quatro equipes olímpicas foram levadas para a linha de frente e mortas”, disse ela, pedindo a seus colegas que fugissem do país imediatamente se surgisse uma oportunidade como essa.

"Ficam repetindo que todos vão lutar"

A atleta se dirigiu a todos os que planejam sair da Ucrânia, alertando que a cada mês a situação tem se tornado cada vez mais difícil.

"Como a mobilização não para de escalar na Ucrânia, chegará a todos. Eles continuam repetindo que todos vão lutar. E não apenas os homens, mas também as mulheres. E também os adolescentes de hoje, quando completarem 18 anos", ressaltou.