Alice Weidel, co-líder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), foi eleita no sábado como candidata a chanceler para as eleições antecipadas do país, que ocorrerão em 23 de fevereiro. A agremiação política está em segundo lugar nas pesquisas de opinião, com uma média de 20%, atrás da agremiação conservadora CDU/CSU, que lidera com 31%.
A política de 45 anos foi eleita por unanimidade pelos 600 delegados do partido em um congresso em Riesa, no estado da Saxônia, no leste do país. Essa é a primeira vez que o AfD apresenta um candidato a chefe de governo desde o início do partido.
Apelo para o relançamento do Nord Stream
Weidel fez um discurso inflamado no qual descreveu a "perspectiva sombria" do país sob a administração do atual chanceler social-democrata Olaf Scholz. Comentando sobre a política energética, a candidata defendeu o retorno à energia nuclear e o relançamento dos oleodutos Nord Stream do Báltico. "Colocaremos o Nord Stream de volta em operação. [Quando estivermos no comando, vamos demolir todas as turbinas eólicas. Acabem com esses moinhos de vento vergonhosos", exclamou.
Os custos de energia dispararam na Alemanha após o governo anunciar a rejeição do petróleo e do gás russos em 2022. Antes da eclosão do conflito ucraniano, a Alemanha recebia gás russo por meio do gasoduto Nord Stream 1, enquanto o Nord Stream 2 deveria entrar em operação em 2022. Berlim revogou a certificação do Nord Stream 2 vários dias antes do início da operação militar russa na Ucrânia, e ambos os conjuntos de linhas foram danificados em um ato de sabotagem em setembro daquele ano.
Além disso, a política de extrema direita criticou fortemente as políticas de migração da atual administração e propôs "o fechamento total das fronteiras da Alemanha e o retorno de qualquer pessoa que viaje sem documentos" durante os primeiros 100 dias de seu governo. "Digo a vocês com toda a sinceridade: se isso tem que ser chamado de remigração, que seja chamado de remigração", declarou ela.
Postura em relação à Ucrânia e à UE
As propostas de Weidel também incluem alcançar a paz na Ucrânia e suspender o fornecimento de armas a Kiev. A esse respeito, a política destacou que os 1,1 milhão de refugiados ucranianos que atualmente residem na Alemanha não poderão permanecer no país quando as hostilidades terminarem e que foi um erro alocar pagamentos de assistência social para eles.
Além disso, o AfD busca retirar a Alemanha da União Europeia e da zona do euro. Em uma entrevista anterior, Weidel indicou que, se chegar ao poder, sua organização pressionará por um referendo como o do Brexit.
Nesse sentido, a política garantiu que um governo da AfD tentaria inicialmente reformar a UE para descartar seu "déficit democrático", até mesmo restringindo os poderes da Comissão Europeia, à qual ela se referiu como um "executivo não eleito".
Por outra parte, a plataforma eleitoral do partido também inclui a aproximação com a Rússia, a restrição do direito ao aborto e o fortalecimento do modelo de família tradicional.
Aproximação com Musk
O influente magnata Elon Musk afirmou no mês passado que "somente o AfD pode salvar a Alemanha". Seu apoio repetido deixou vários partidos alemães desconfortáveis, enquanto a porta-voz do governo alemão, Christiane Hoffmann, acusou o bilionário de tentar influenciar as eleições parlamentares.
Na quinta-feira, a candidato do AfD foi recebida pelo proprietário da SpaceX e da Tesla, um dos principais aliados de Donald Trump, para uma conversa ao vivo em sua rede social X.
Alerta da UE
Entretanto, a popularidade de Weidel, que liderou com 24% em uma pesquisa realizada pelo Instituto Alemão de Pesquisa de Opinião no mês passado, teria colocado a União Europeia em alerta.
O ex-comissário de Mercado Interno e Serviços da UE, Thierry Breton, relembrou na quinta-feira a anulação do primeiro turno da eleição presidencial romena, alegando que os resultados das eleições alemãs podem sofrer o mesmo destino se não saírem como deveriam.
Breton estava reagindo à conversa de Musk com Weidel, mencionada anteriormente, no meio da campanha eleitoral alemã.