Notícias

Dinamarca considera a possibilidade de independência da Groenlândia, mas descarta adesão aos EUA

Donald Trump recentemente vem afirmando que o país escandinavo deve renunciar a ilha em favor de Washington para garantir a proteção do "mundo livre".
Dinamarca considera a possibilidade de independência da Groenlândia, mas descarta adesão aos EUAAP / Nikolai Linares

A Groenlândia pode se tornar independente da Dinamarca se seus habitantes assim o desejarem, mas é improvável que se torne um território dos Estados Unidos. O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, fez a afirmação na quarta-feira em resposta a declarações anteriores do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, nas quais ele não descartou o uso da força para tomar a ilha governada pelo reino escandinavo.

"Reconhecemos plenamente que a Groenlândia tem suas próprias ambições. Caso se materializarem, a Groenlândia se tornará uma [nação] independente, embora não com a ambição de se tornar um estado federal dos Estados Unidos", afirmou o diplomata dinamarquês em uma coletiva de imprensa, citado pela Reuters.

"Abertos ao diálogo"

O líder republicano declarou esta semana que Copenhague deveria ceder a ilha ártica a Washington para garantir a proteção do "mundo livre", acrescentando que seu controle é uma "necessidade absoluta" para os interesses de seu país na região.

Lokke Rasmussen manifestou que as preocupações de segurança dos EUA eram legítimas e que seu país estava aberto ao diálogo. "Estamos abertos ao diálogo com os norte-americanos sobre como podemos cooperar ainda mais estreitamente para garantir que as ambições norte-americanas sejam atendidas", expressou ele. "Não acho que estejamos em uma crise de política externa", concluiu.

A ilha, em sua maior parte coberta de gelo, com apenas 57.000 habitantes, faz parte da Dinamarca há mais de 600 anos. Foi uma colônia dinamarquesa até 1953, mas agora é um dos três territórios constituintes do país (junto com a própria Dinamarca e as Ilhas Faroé) e, em 2009, ganhou o direito de reivindicar a independência por meio de uma votação. Em 2023, o governo da Groenlândia apresentou seu primeiro projeto de constituição.

Tensão na União Europeia

Enquanto a Dinamarca tentou minimizar a tensão gerada por Trump, outros países da União Europeia reagiram em um tom diferente. "Está fora de lugar para a União Europeia permitir que outros países ataquem suas fronteiras soberanas, sejam quem forem", afirmou o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot.

Por sua vez, o chanceler alemão, Olaf Scholz, criticou os comentários de Trump. "O princípio da inviolabilidade das fronteiras se aplica a todos os países, independentemente de estarem a leste ou a oeste de nós", disse ele, enfatizando que "as fronteiras não devem ser movidas pela força".