Panamá responde a Trump: a soberania do Canal é "uma conquista irreversível"

O magnata republicano não descartou o uso de força armada para restabelecer o controle de Washington sobre a conexão interoceânica.

O governo do Panamá reiterou na terça-feira que a soberania de seu canal marítimo "não é negociável" e que se trata de "uma conquista irreversível", após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ter dito que o controle da passagem transoceânica estava "em discussão neste momento" e acusado as autoridades panamenhas de terem violado "todos os aspectos" dos tratados Torrijos-Carter.

"A soberania de nosso canal não é negociável. Faz parte de nossa história de luta e é uma conquista irreversível. Nosso canal tem a missão de servir à humanidade e ao seu comércio. Esse é um dos grandes valores que nós, panamenhos, oferecemos ao mundo, dando garantias à comunidade internacional de que não tomaremos parte ou seremos parte ativa em nenhum conflito. As únicas mãos que controlam o canal são as panamenhas e é assim que continuará a ser", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Javier Martínez-Acha, em declaração à mídia.

Da mesma forma, o diplomata afirmou que o Executivo liderado pelo presidente José Raúl Mulino "não teve nenhum tipo de contato informal ou formal com o presidente eleito dos Estados Unidos ou com representantes do próximo governo", enquanto destacou que "quando o presidente eleito assumir o cargo, a relação entre os Estados Unidos e o Panamá será tratada através dos canais formais, habituais e correspondentes".

"Eles abusaram desse presente"

Anteriormente, Trump garantiu em uma coletiva de imprensa que "o Canal do Panamá está sendo discutido com eles (autoridades panamenhas) neste momento". "Eles violaram todos os aspectos do acordo, e o violaram moralmente", declarou.

"O canal do Panamá é vital para o nosso país", afirmou. De acordo com ele, "está sendo operado pela China". "E nós demos o Canal do Panamá ao Panamá. Não o demos à China. E eles abusaram disso. Eles abusaram desse presente. A propósito, isso nunca deveria ter sido feito. Foi por dar o Canal do Panamá que Jimmy Carter perdeu a eleição, na minha opinião", justificou.

Além disso, quando perguntado se ele descartava o uso da força para fazer com que Washington recuperasse o controle do canal - onde manteve um enclave entre 1914 e 1999 - o magnata republicano se recusou a fazê-lo. "Não vou me comprometer com isso [não usar força militar]. Talvez eu tenha que fazer alguma coisa", respondeu.