Chile encerra missão de seu embaixador na Venezuela

O Ministério das Relações Exteriores do Chile informou que o governo chileno decidiu encerrar a missão de seu embaixador na Venezuela, Jaime Gazmuri.

A Chancelaria do Chile informou nesta terça-feira que decidiu encerrar a missão de seu embaixador na Venezuela, Jaime Gazmuri.

Em um comunicado divulgado nas redes sociais, o Ministério das Relações Exteriores do Chile explicou que a medida responde à "evolução dos acontecimentos" após as eleições realizadas na Venezuela em julho do ano passado, depois das quais "Nicolás Maduro garantiu que continuará sendo o presidente desse país a partir de 10 de janeiro", após "a fraude eleitoral perpetrada", segundo a nota oficial.

O texto lembra que, em agosto passado, o pessoal diplomático chileno foi expulso de Caracas e que, desde então, a "falta de abertura", o "agravamento da crise" e a falta de "desenvolvimento de um diálogo bilateral efetivo" têm aumentado.

O comunicado do Ministério das Relações Exteriores conclui esperando que a Venezuela retorne ao "caminho da democracia e da promoção e proteção dos direitos humanos", afirmando que esses valores estão ausentes atualmente nesse "país irmão".

Acusações cruzadas após as eleições na Venezuela

Nos últimos meses, houve frequentes desentendimentos entre os dois países. Em outubro, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou o presidente do Chile, Gabriel Boric, de ser "um agente" da Agência Central de Inteligência dos EUA.

A acusação é semelhante à feita em agosto pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, depois que Boric negou a vitória de Maduro nas eleições presidenciais. Gil então descreveu o líder chileno como "uma peça comprada pelos EUA, covarde e arrastada para interesses que não têm nada a ver com os desejos dos povos da nossa América".

"Boric deixou de ser o motivo de chacota de um continente para se tornar o peão mais submisso do imperialismo norte-americano", acrescentou Gil em uma mensagem publicada em 22 de agosto de 2024.

"Agressão fascista"

Em um discurso na segunda-feira 6 de agosto, Maduro garantiu que seu país é vítima de uma "agressão fascista" que "é liderada, financiada e promovida pelo império norte-americano", em referência ao apoio oferecido por Washington ao ex-candidato presidencial Edmundo González Urrutia, a quem a Venezuela acusa de cometer crimes como conspiração, cumplicidade no uso de atos violentos contra a República, usurpação de funções, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro, desrespeito às instituições do Estado, instigação à desobediência das leis e associação para cometer crimes.

Na semana passada, o governo venezuelano emitiu um novo mandado de prisão para o ex-candidato González Urrutia, oferecendo uma recompensa de US$ 100.000 a qualquer pessoa que possa fornecer informações sobre seu paradeiro.