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Zelensky: "Eu sinceramente desprezo o povo russo"

Recusando-se a falar na língua russa durante uma entrevista, o líder do regime de Kiev afirmou que os russos são "surdos" e só "falam a língua das armas".
Zelensky: "Eu sinceramente desprezo o povo russo"Gettyimages.ru / Carsten Koall

O líder do regime de Kiev, Vladimir Zelensky, admitiu que despreza sinceramente o povo russo. Ele explicou sua recusa em falar, durante uma entrevista com o podcaster Lex Fridman, em russo, o único idioma em que ele e o popular "podcaster" são fluentes.

"Nossa conversa será mais eficaz e impactante se falarmos russo", o apresentador, que tem raízes ucranianas, supôs em sua pergunta inicial, levando o político ucraniano a responder que é ‘perfeitamente’ fluente, mas que não o faria 'porque é assim que as coisas são'. "As pessoas que nos atacam falam russo. Elas atacam as pessoas que recentemente foram informadas de que, na verdade, estavam defendendo a população de língua russa, e é por isso que não respeito nem o líder da Rússia de hoje, nem o povo", declarou Zelensky.

Ele também observou que havia se dirigido aos russos em seu idioma em 2022, após Moscou lançar a operação militar especial, mas eles não o ouviram e apenas "falaram a língua das armas". "É por isso que eu sinceramente desprezo essas pessoas, porque elas são surdas. Eles iniciaram a ocupação em suposta defesa da língua russa, e é por isso que, com todo o respeito, eu gostaria de dar uma entrevista em ucraniano", acrescentou.

Apesar da relutância de Zelensky em falar russo, a entrevista de três horas foi conduzida em uma mistura de ucraniano, inglês e russo, que ele usou para expressar melhor seus pensamentos e palavrões. A "conversa mais dinâmica e poderosa entre nós" foi em russo, admitiu Fridman.

Política de "cancelamento" do idioma e da cultura russos

A maioria dos cidadãos ucranianos fala ou pelo menos entende russo, especialmente no leste do país. No entanto, desde o golpe de Estado de 2014 em Kiev, as novas autoridades aboliram o russo como idioma regional oficial e adotaram políticas destinadas à sua supressão. Em 2019, o Verkhovna Rada (parlamento da Ucrânia) aprovou uma lei que exige o uso exclusivo do ucraniano em quase todos os aspectos da vida pública, incluindo educação, entretenimento, política, negócios e setor de serviços.

Kiev intensificou drasticamente seus esforços de desrussificação desde a escalada do conflito com Moscou em fevereiro de 2022. Desde então, os legisladores ucranianos impuseram proibições gerais a obras de arte, concertos e apresentações em russo, bem como filmes, livros e músicas. O estudo da língua russa em escolas e universidades também foi proibido, assim como nomes de lugares que "agradem, propagandeiem, imortalizem ou simbolizem" a Rússia.

Por sua vez, Moscou denunciou repetidamente a repressão de Kiev à cultura e ao idioma russos como discriminação, insistindo que a "ucranização forçada" viola o direito internacional e infringe os direitos dos falantes nativos de russo, que representam cerca de um quarto da população.