Brasil rejeita a "busca de hegemonias" e pede uma reforma da governança global
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, criticou nesta quarta-feira a "paralisia" do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e pediu uma "reforma" da governança global.
"O Brasil rejeita a busca de hegemonias, antigas ou novas. Não é do nosso interesse viver em um mundo fraturado", disse Vieira no início da Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20, que começou na quarta-feira no Rio de Janeiro, como um prelúdio para a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20.
Nesse sentido, o chanceler brasileiro fez um apelo à paz e cooperação, anunciando que a presidência do Brasil do G20 propõe que as discussões da reunião de chanceleres sejam concentradas na reforma da governança global.
"Sem paz e cooperação, será extremamente difícil alcançarmos a prometida mobilização em larga escala dos recursos necessários para enfrentar as ameaças existenciais que enfrentamos, em particular o combate à pobreza e à desigualdade e a proteção do meio ambiente", destacou.
Vieira reiterou que, para realizar a reforma da governança global, a comunidade internacional deve se comprometer a administrar suas diferenças, com base no "multilateralismo e das Nações Unidas", por meio do diálogo e da cooperação, e "nunca por meio de conflitos armados".
Por isso, pediu que os países reiterassem seu compromisso com a Carta das Nações Unidas, "rejeitando publicamente o uso da força, a intimidação, as sanções unilaterais, a espionagem, a manipulação em massa de mídias sociais e quaisquer outras medidas incompatíveis com o espírito e as regras do multilateralismo como meio de lidar com as relações internacionais".
"Inaceitável paralisia do Conselho de Segurança"
O chefe da diplomacia brasileira ainda criticou "a inaceitável paralisia do Conselho de Segurança em relação aos conflitos em curso", inação que, segundo ele, " implica diretamente perdas de vidas inocentes". Nesse sentido, enfatizou que o mundo deve se concentrar nos "problemas urgentes" que precisa "resolver", como o fim de conflitos armados, a "luta contra a fome, a pobreza e a desigualdade", que se juntam a "desafios gigantescos em relação às mudanças climáticas e ao meio ambiente".
"Temos uma responsabilidade coletiva de liderar o mundo rumo à prosperidade para todos e todas. Essas são as guerras que devemos travar em 2024", disse Vieira.