A cidade do Rio de Janeiro recebe, ao longo desta quarta e quinta-feira, a reunião dos chanceleres dos países que integram o G20, no contexto em que o Brasil exerce a presidência do Bloco.
Participam do evento figuras como Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia e Antony Blinken, secretário de estado dos EUA. Wang Yi, chanceler da China, enviou o vice-ministro em seu lugar, em virtude de problemas de agenda. A ocasião antecede uma cúpula ainda mais importante, que reunirá chefes de estado e está marcada para novembro na mesma cidade.
Durante a reunião no país, que protagoniza uma crise diplomática com Tel Aviv, os representantes das maiores economias do mundo discutirão temas como a situação no Oriente Médio, o conflito na Ucrânia e a governança global.
As questões em pauta incluem também a ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza, que ocorre em resposta aos ataques de 7 de outubro ao país pelo braço armado do movimento islâmico Hamas. O ataque de Tel Aviv deixou mais de 29.000 palestinos mortos, muitos deles crianças.
Desde o início de seu mandato, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, apresenta-se como o líder de um país com uma rica tradição de diálogo diplomático, buscando exercer um papel de mediação e de promoção da paz no conflito russo-ucraniano e em Gaza. Essa imagem, no entanto, foi colocada à prova nos últimos dias, ao passo que o mandatário dividiu opiniões de líderes internacionais ao comparar as ações de Israel com o Holocausto.
O G20 é formado pelas 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana. Também participam representantes dos países convidados: Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal, Singapura e Emirados Árabes Unidos.
Uma nova ordem mundial
A situação no Mar Vermelho é outra questão a ser discutida pelos ministros das Relações Exteriores. Em resposta à ofensiva de de Israel, o movimento rebelde Houthi Ansar Allah anunciou em meados de novembro que atacaria todos os navios com bandeira israelense ou que fossem de propriedade ou operados por empresas do país. A ameaça foi posteriormente estendida a qualquer navio que se aproximasse da costa do país judeu.
Esse cenário fez com que a maioria das companhias marítimas que utilizam essa importante rota comercial - que passa pelo Canal de Suez - redirecionasse suas remessas para o Cabo da Boa Esperança, localizado no extremo sul da África, resultando em um atraso de 10 a 14 dias no tempo de entrega e, portanto, em aumento de custos.
Também estará em pauta o conflito na Ucrânia, em um momento em que a Rússia está fazendo importantes avanços, como a recente tomada da cidade de Avdeyevka. O foco também estará nas tensões entre os EUA e a China, as duas maiores potências do planeta.
Além da pauta climática e da promoção da luta contra a fome e a pobreza, o Brasil tem a reforma de instituições como as Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) como agendas prioritárias durante a sua presidência do G20, argumentando a necessidade de construir uma nova ordem mundial mais inclusiva e democrática.
Em relação à ONU, por exemplo, o presidente brasileiro defende uma reformulação do Conselho de Segurança, através do fim do poder de veto e da incorporação de representantes do continente latino-americano e africano.