Movimentos populares pedem que Lula reconheça eleição de Maduro

Carta enviada ao presidente Lula defende boas relações com a Venezuela e destaca a importância da soberania e autodeterminação no processo eleitoral.

Com o abalo no relacionamento entre o Brasil e a Venezuela, movimentos populares brasileiros enviaram uma carta ao presidente Lula, pedindo o reconhecimento da vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial venezuelana, informou o jornalista Jamil Chade nesta sexta-feira.

As organizações que assinaram a carta incluem o Movimento Nacional de Juventude (Afronte), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), o Centro Brasileiro de Solidariedade Aos Povos e Luta Pela Paz (CEBRAPAZ), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), entre outras.

"Com os mais respeitosos e cordiais cumprimentos, dirigimo-nos a Vossa Excelência para abordar uma questão de extrema relevância para as relações internacionais de nosso país e, em particular, para a estabilidade e harmonia na América Latina. Gostaríamos de ressaltar a importância da manutenção de boas relações de vizinhança entre o nosso país e a República Bolivariana da Venezuela, baseadas no respeito mútuo, na cooperação e na compreensão das complexidades internas de cada nação", diz o texto do documento.

Foi observado ainda que os princípios da soberania e da autodeterminação dos povos, estipulados pela Constituição Federal de 1988 e a Carta das Nações Unidas, guiam a política externa independente do Brasil.

"Neste contexto, vimos respeitosamente solicitar que o governo brasileiro reconheça a legitimidade da reeleição do Presidente Nicolás Maduro, ocorrida de acordo com os processos internos da Venezuela", afirma a carta. 

Eleições presidenciais na Venezuela 

Anteriormente, o presidente brasileiro tinha declarado que "não aceita" a vitória de Nicolás Maduro nem as alegações da oposição, argumentando "falta de provas" de ambos os lados.

Lula explicou que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela deveria emitir "um parecer sobre as atas" e acusou Maduro de "não ouvir" o CNE, "passando direto para a Suprema Corte".

No entanto, o presidente brasileiro enfatizou que "não questiona" a Suprema Corte venezuelana, mas considera que o parecer deveria "corretamente" passar pelo "colégio eleitoral".

Os resultados oficiais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela confirmaram a vitória de Nicolás Maduro, com 51,95% dos votos, para um terceiro mandato no período de 2025 a 2031.