Sergey Lavrov oferece roda de imprensa para um balanço de 2024

O chanceler russo apresentou uma visão geral sobre a agenda global da Rússia em uma conversa com jornalistas no Ministério das Relações Exteriores.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, responde a perguntas de jornalistas sobre várias questões da agenda mundial nesta quinta-feira.

O chanceler russo abordou a questão do conflito armado na Ucrânia. De acordo com ele, um cessar-fogo entre Kiev e Moscou "é um caminho para lugar nenhum".

"Precisamos de acordos [...] que estabeleçam todas as condições para garantir a segurança da Federação Russa e os interesses legítimos de segurança de nossos vizinhos, mas em um contexto que, em uma forma legal internacional, consagre a impossibilidade de violar esses acordos", disse ele.

Nesse contexto, o ministro russo indicou que a Rússia está pronta para manter conversas com o governo do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sobre a solução do conflito na Ucrânia.

"Realmente espero que a Administração do senhor Trump, incluindo o senhor [futuro enviado especial para a Ucrânia, Keith] Kellogg, analise as causas fundamentais do conflito", declarou, acrescentando: "Estamos sempre prontos para consultas".

Cooperação com o Ocidente

Lavrov enfatizou que Moscou está aberta ao diálogo com os países ocidentais. "Estamos prontos, declaramos isso repetidamente, para conversar com todos os representantes ocidentais que estejam determinados a manter um diálogo equitativo, a encontrar um equilíbrio de interesses e acordos mutuamente benéficos", indicou o chanceler, mencionando a Hungria e a Eslováquia a esse respeito.

"Outros membros da União Europeia também estão lentamente começando a pedir algumas conversas baseadas na confiança, mas muito poucos se atrevem a fazê-lo abertamente", destacou. 

Relações com a Síria

Lavrov também ressaltou que a Rússia mantém contatos com as autoridades sírias e que elas estão tratando de uma série de questões relacionadas à segurança dos cidadãos russos e ao funcionamento da Embaixada russa no país.

"Em geral, estamos interessados e prontos para o diálogo também sobre outras questões de nossas relações bilaterais e da agenda regional. [...] Espero que também possamos retomar o trabalho com a nova liderança em questões de cooperação econômica e de investimentos, onde já obtivemos algumas conquistas nos últimos anos", declarou. 

Segundo Lavrov, "não se deve permitir que a Síria se desintegre", mesmo que "alguns gostariam" de tal cenário. Ele destacou ainda que Israel deve entender sua responsabilidade "e não tentar garantir sua própria segurança às custas dos outros".

Desenvolvimento de laços com a América Latina

Lavrov observou que as relações entre a Rússia e os países da América Latina e do Caribe são baseadas na amizade e que eles compartilham simpatia e respeito mútuos.

Observando a amplitude dos laços, Lavrov disse que a intenção é "aprofundá-los o máximo possível" e "desenvolvê-los na medida em que os próprios países latino-americanos estejam interessados".

"Nossas relações são baseadas na igualdade, no benefício mútuo, no respeito mútuo, sem ideologia, sem doutrinas, seja a Doutrina Monroe ou qualquer outra", enfatizou o ministro.

Além disso, indicou que está previsto um ano "muito prolífico" para as relações entre a Rússia e a América Latina.

Lavrov afirmou que a Rússia está desenvolvendo relações não apenas com os países da região, mas também com várias organizações regionais, como Celac, Alba, Mercosul, Caricom e muitas outras.

"Presumimos que o ano será muito prolífico em eventos, especialmente porque nos próximos meses teremos um desfile de aniversários do estabelecimento de relações diplomáticas entre nosso país e os estados latino-americanos [...] cada um desses aniversários será comemorado dignamente", afirmou.

"Apesar da pandemia do coronavírus no passado, apesar da guerra de sanções desencadeada pelo Ocidente, o comércio com a América Latina é estável e tem permanecido estável nos últimos anos", enfatizou.

O chanceler destacou que os principais parceiros comerciais da Rússia são Brasil, México, Equador, Argentina, Colômbia e Chile, e expressou interesse em fortalecer a interação comercial com a Nicarágua e a Venezuela.

Rússia ataca apenas alvos militares na Ucrânia

Ao comentar sobre a seleção de alvos para ataques em território ucraniano, o ministro das Relações Exteriores reiterou que as tropas russas têm como alvo apenas instalações militares.

"Estamos atacando os pontos a partir dos quais são lançados bombardeios contra nossos territórios e instalações civis e nos quais morrem cidadãos. Enfatizo mais uma vez o que o presidente disse: selecionamos alvos para ataques no território da Ucrânia com base apenas em ameaças à Federação Russa", afirmou.

"Podem ser instalações militares e empresas do setor de defesa. Os centros de tomada de decisão em Kiev também podem ser alvos. Mas não está em nossas regras responder [ao bombardeios ucranianos com ataques] contra alvos civis", disse.

Lavrov também observou que foram formuladas iniciativas da França - por meio de canais fechados - para ajudar a "estabelecer um diálogo sobre a questão ucraniana" sem a participação de Kiev, enquanto os países ocidentais expressam o princípio de não manter conversações sobre a Ucrânia sem sua participação. A França defende o envio de forças ocidentais para o território ucraniano e está envolvido no treinamento das tropas de Kiev. 

"Esse comportamento ambíguo não desperta a vontade de levar a sério o que está acontecendo por iniciativa de nossos colegas franceses", enfatizou o ministro.