China declara apoio à soberania do Panamá em meio às ameaças de Trump
A China considera o Canal do Panamá uma "grande criação do povo panamenho" e apoia a soberania do país sobre a estrutura, declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira.
"O Canal do Panamá é uma grande criação do povo panamenho. É uma hidrovia de ouro para a conectividade entre os países. A China sempre apoiou o povo do Panamá em sua justa causa pela soberania do Canal", disse ela.
Ao mesmo tempo, a porta-voz indicou que Pequim reconhece o canal como "uma hidrovia internacional permanentemente neutra" e respeita a soberania do Panamá sobre a hidrovia.
"Acreditamos que, sob a gestão eficiente do Panamá, o canal continuará a fazer novas contribuições para facilitar a integração e o intercâmbio entre pessoas de diferentes países e melhorar o bem-estar da humanidade", disse Mao, comentando as palavras do presidente do Panamá, José Raúl Mulino, que respondeu à recente ameaça do líder eleito dos EUA, Donald Trump.
Ameaças de Trump
Em 21 de novembro, Trump ameaçou retomar o controle do Canal do Panamá, acusando o país centro-americano de cobrar taxas excessivas pelo uso da via de navegação.
Em resposta, Mulino afirmou que "cada metro quadrado do Canal do Panamá e sua área adjacente pertencem ao Panamá e continuarão a pertencer ao Panamá".
O presidente panamenho também garantiu que as taxas que seu país estabelece para o uso do canal "não são um capricho", mas são estabelecidas "publicamente e em uma audiência aberta, considerando as condições de mercado, a concorrência internacional, os custos operacionais e as necessidades de manutenção da hidrovia interoceânica".
Comentando sobre a declaração do presidente panamenho, Trump escreveu no domingo "Veremos" nas suas redes sociais, postando também a foto da bandeira norte-americana sobre as águas. "Bem-vindo ao Canal dos Estados Unidos", escreveu.
- O Canal do Panamá entrou em operação em 1914, sob o controle dos EUA. Em 1977, foi assinado um tratado que previa a transferência escalonada do canal para o país latino-americano, que foi finalizado em 1999. O documento estabeleceu a neutralidade do canal e sua acessibilidade ao comércio mundial.
- Anteriormente, o presidente eleito norte-americano também lançou várias ameaças à soberania do país vizinho, o Canadá, sugerindo que se tornasse o 51º estado norte-americano.