Há uma nova realidade no conflito na Ucrânia, em que a Rússia está em uma posição mais vantajosa e "a Europa foi derrotada", afirmou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, em entrevista no domingo.
Segundo Orbán, com a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a paz na Europa está "ao alcance". Ele expressou expectativa de que "um novo mundo comece" em 20 de janeiro, quando o republicano assumir o cargo, referindo-se ao plano prometido por Trump para resolver o conflito ucraniano.
"Falar sobre paz em junho deste ano era sinônimo de se iludir. Mas hoje, todos estão falando de paz. Isso é o que conseguimos. Mas a guerra ainda não acabou", detalhou o primeiro-ministro, acrescentando que ainda mantém sua proposta de "um cessar-fogo de Natal e uma troca de prisioneiros em grande escala" entre Rússia e Ucrânia, embora o líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, tenha rejeitado a ideia.
"Há uma nova realidade: os russos estão avançando lenta e firmemente. Esta é uma guerra que a União Europeia perdeu [...] O conflito deve ser isolado. Se a Europa intervier e não se afastar, uma derrota ainda maior nos espera", alertou.
Envolvimento no conflito
Nesse contexto, Orbán insistiu que o Ocidente não deveria apoiar a Ucrânia, argumentando que o conflito com a Rússia não tem relação com a Europa. "Estamos muito perto da guerra para não dizer nada. Se vocês acham que a guerra é de vocês, devem mobilizar todas as suas forças, mas eu digo que essa não é a nossa guerra", explicou, ressaltando que essa é a questão que "mais divide a União Europeia hoje".
Por outro lado, o premiê declarou que a Hungria deseja manter relações economicamente neutras com países como a Rússia. "Quanto maior o problema na Europa, mais necessário é recorrer a outros", destacou, defendendo que essas relações poderiam gerar recursos a serem investidos no desenvolvimento econômico do país.