Governo admite falhas na apresentação do pacote fiscal e ajusta discurso

Equipe de Lula revê estratégia após críticas ao anúncio de medidas econômicas.

Assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto e na equipe econômica, reconheceram, cerca de um mês após o anúncio do pacote de controle de gastos e das propostas relacionadas ao Imposto de Renda (IR), que houve falhas na forma de apresentação das medidas, o que indica a necessidade de ajustes nesse aspecto.

As informações foram divulgadas pelo g1 nesta segunda-feira.

Em um encontro com jornalistas na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que problemas na comunicação do pacote financeiro contribuíram para a alta do dólar e para a reação negativa do mercado.

No dia 27 de novembro, Haddad anunciou um pacote de cortes em um pronunciamento na TV e no rádio, acompanhado pela proposta de isentar do pagamento de Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil mensais a partir de 2026. Apesar do pacote ter sido aprovado pelo Congresso, o projeto relacionado ao IR ainda não foi encaminhado.

Para corrigir os erros, Lula ajustou seu discurso em relação ao Banco Central e garantiu a seus aliados que não pretende criar conflitos com o mercado.

Falhas na comunicação 

Durante as discussões sobre o pacote fiscal, houve divergências dentro do governo. Membros da equipe econômica, como Haddad e Simone Tebet, defendiam que a apresentação do pacote se limitasse às medidas de contenção de gastos, sem associá-lo à reforma do Imposto de Renda.

Por outro lado, um grupo formado por auxiliares de Lula no Palácio do Planalto e por ministros da área social argumentava que o anúncio deveria ser feito de forma conjunta, para evitar a impressão de que um governo do PT estaria promovendo cortes que impactam apenas a população de baixa renda. Essa última posição foi a que prevaleceu.