A Agência Nacional de Administração Tributária da Romênia descobriu que a campanha eleitoral do candidato presidencial independente Calin Georgescu na rede social TikTok foi financiada pelo Partido Nacional Liberal Romeno (PNL) e não pela Rússia, informou o portal de jornalismo investigativo Snoop na sexta-feira.
Apesar de aparecer com cerca de 6% nas pesquisas, Georgescu, crítico da OTAN e da UE e opositor ferrenho do envio de ajuda à Ucrânia, venceu a votação do primeiro turno na Romênia com 22,94%, derrotando outros candidatos liberais, de esquerda e democratas.
No entanto, o Tribunal Constitucional da Romênia anulou os resultados antes da votação do segundo turno, declarando que o processo se repetiria em uma data posterior. Ele citou documentos de inteligência desclassificados que supostamente encontraram irregularidades no desempenho de Georgescu.
Eles alegaram que sua candidatura foi promovida indevidamente on-line, inclusive no TikTok, por influenciadores pagos e grupos extremistas de direita, e que sua campanha pode ter se beneficiado da interferência russa - uma alegação que Moscou negou como "absolutamente infundada".
De acordo com o Snoop, as autoridades fiscais da Romênia analisaram os fluxos financeiros e descobriram que a campanha que promoveu Georgescu no TikTok foi, na verdade, paga pelo PNL e administrada pela Kensington Communication, uma empresa que fornece serviços de marketing político, bem como campanhas on-line.
As instruções entregues aos influenciadores tinham como objetivo promover "uma atitude responsável e uma escolha madura" entre os romenos, o que ajudaria o país a continuar seu "caminho democrático", escreveu a Snoop.
Os influenciadores teriam recebido um roteiro para descrever as qualidades de um futuro presidente, sem dar um nome. No entanto, alguns deles deixaram comentários abaixo dos vídeos, fornecendo o nome de Georgescu.
"É um choque para todos que o dinheiro público que os contribuintes forneceram ao PNL tenha sido usado para promover outro candidato", disse à publicação um especialista envolvido na investigação.
A Kensington Communication emitiu um comunicado alegando que sua campanha havia sido "sequestrada" ou "clonada" e disse que apresentaria uma queixa criminal.
O vazamento ocorreu na sexta-feira, um dia antes do término do mandato do presidente romeno Klaus Iohannis, e apenas alguns dias antes de a Suprema Corte julgar o caso iniciado por Georgescu. O próprio Iohannis já havia se recusado a deixar o cargo, citando a legislação do país.
Georgescu, que foi rotulado de "pró-russo" por seus críticos, entrou com uma ação na Suprema Corte para contestar a anulação dos resultados da eleição. O advogado do candidato descreveu a situação como "uma violação flagrante da constituição" e "um golpe de Estado". A primeira audiência está marcada para 23 de dezembro.