Notícias

''Como se fôssemos colônia'': ex-vice-presidente do Banco do BRICS critica acordo Mercosul-UE

Para Paulo Nogueira Batista Jr, o acordo reforça a posição de países latino-americanos como exportadores de bens primários.
''Como se fôssemos colônia'': ex-vice-presidente do Banco do BRICS critica acordo Mercosul-UEGettyimages.ru / Ton Molina/NurPhoto

Nesta semana, o economista Paulo Nogueira Batista Jr, ex-vice presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (o Banco do BRICS) manifestou sua ''decepção'' com a política externa brasileira, sobretudo na área comercial.

Na avaliação do economista, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, assinado no início de dezembro, é ''muito desfavorável'', reforçando a posição de países latino-americanos como exportadores de bens primários. ''Um sistema que vigorou nos tempos da Colônia, tantos tempos pós-coloniais, que nós tentamos superar, no século XX, e agora estamos retrocedendo''.

Ele explica que o sistema industrial brasileiro, já enfraquecido por ''décadas de desindustrialização'', terá de competir com os mercados europeus, que têm acesso mais vantajoso a fontes de financiamento e outras economias desenvolvidas.

"No momento em que o mundo se afasta do neoliberalismo, ele vem aqui encontrar um refúgio aqui na América do Sul, aqui no Brasil". 

Para ele, a contradição mostra-se ainda maior quando levado em consideração que o governo Lula faz promessas de fortalecer a indústria brasileira. ''Se o governo abre o setor industrial, que indústria nós teremos?'', questionou.

Nesse contexto, Nogueira enfatiza que a única esperança de que o acordo seja frustrado reside na possível resistência de certos setores da Europa, especialmente na França, onde o parlamento está se mobilizando para bloqueá-lo devido a preocupações protecionistas. ''Ficamos nas mãos dos outros, como se ainda fôssemos uma colônia'', lamenta.