Putin diz com quem da Ucrânia estaria disposto a assinar acordo
Durante a maratona anual de perguntas e respostas televisionada para fazer o balanço do ano, o presidente russo Vladimir Putin foi questionado sobre com quem, de Kiev, ele estaria disposto a assinar um acordo de paz para resolver o conflito.
Putin lembrou que o líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, perdeu legitimidade ao não convocar eleições presidenciais no devido tempo.
"Só podemos assinar com as partes legítimas, e os legítimos agora são a Rada e o presidente da Rada", afirmou Putin, referindo-se ao Parlamento ucraniano.
"Essa é uma questão puramente formal e legal. Lá dentro (na Ucrânia) eles podem organizar como quiserem, mas se chegarmos ao ponto de assinar os acordos, só poderemos assinar com os representantes legítimos das autoridades", reiterou.
"Não há nenhuma indicação na Constituição da Ucrânia sobre a possibilidade de ampliar os poderes do presidente, mesmo sob lei marcial."
"Há apenas um órgão de poder - um órgão representativo de poder, o conselho, ou seja, a Rada - cujos poderes podem ser ampliados sem eleições sob lei marcial; repito, é a Rada", enfatizou Putin.
O presidente ainda ressaltou que a Rússia também estaria disposta a assinar um possível acordo com Zelensky, mas somente caso ele fosse às urnas e obtivesse legitimidade.
O líder russo indicou que a estrutura estatal da Ucrânia prevê a formação de vários órgãos governamentais pelo presidente do país, incluindo os chefes de regiões e a diretoria de todas as agências responsáveis pela aplicação da lei.
"Mas se o número um não for legítimo, então todo o resto também perde sua legitimidade nessa linha das autoridades executivas e as forças da ordem", enfatizou Putin. "E em tudo o que fizerem, executando suas ordens, sabem que são cúmplices dessa atividade ilegítima", sublinhou.
"Diálogo sem condições prévias"
Putin também abordou a questão das negociações com a Ucrânia, afirmando que a Rússia não impõe condições prévias para iniciar diálogos. Ele destacou que as negociações de Istambul de 2022 servirão como base para qualquer conversa futura.
"Estamos dispostos a estabelecer um diálogo sem condições prévias, mas com base no que acordamos durante o processo de negociações em Istambul" e com base "na realidade que está se desenvolvendo atualmente no terreno", indicou o presidente russo.
O presidente lembrou que essas teses já foram apresentadas por Moscou, também em seu discurso de junho para a liderança da Chancelaria russa. "Lá está tudo dito, não faz sentido repetir", sublinhou Putin.