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Putin: o que aconteceu na Síria não é uma derrota da Rússia

O presidente russo responde a perguntas de jornalistas - russos e estrangeiros - e de cidadãos.
Putin: o que aconteceu na Síria não é uma derrota da RússiaSputnik / Kristina Kormilitsyna

Alguns veículos de imprensa internacionais tentam retratar a ascensão de grupos de oposição armada ao poder na Síria como uma derrota para a Rússia, mas essa interpretação, segundo o presidente russo Vladimir Putin, não corresponde à realidade.

Putin destacou, nesta quinta-feira, que a Rússia enviou suas forças militares à Síria na década passada com o objetivo de "impedir a formação de um enclave terrorista semelhante ao que foi observado em alguns outros países, como o Afeganistão".

"Em geral, atingimos nossos objetivos. E até mesmo os grupos que costumavam lutar contra o governo de al-Assad, as forças do Governo, também mudaram internamente. Não em vão, hoje muitos países europeus e os Estados Unidos querem estabelecer relações com eles", disse.

Putin enfatizou que a Rússia não tinha tropas terrestres na Síria, mas duas bases militares - uma aérea e outra naval - enquanto o componente terrestre era representado pelo Exército Árabe Sírio e por formações de combate pró-iranianas.

"Nós até retiramos as forças de operação especial de lá na época. Nós lutamos [antes] lá", observou.

O presidente se concentrou em como os eventos na Síria se desenvolveram desde que os grupos armados de oposição lançaram sua ofensiva no final do mês passado: "Quando os grupos armados de oposição se aproximaram de Aleppo, a cidade foi defendida por cerca de 30 mil pessoas. 350 milicianos entraram na cidade. As tropas do Governo e as chamadas unidades pró-iranianas se retiraram sem lutar, explodiram suas posições e foram embora".

Ele indicou ainda que esse cenário se repetiu mais ou menos em toda a Síria, com pequenas exceções.

Perspectivas para as bases russas

Embora a situação atual na Síria não seja fácil, a Rússia continuará mantendo relações com todas as facções que controlam o país e com todos os países da região, afirmou o presidente russo.

"A maioria esmagadora deles nos diz que estaria interessada em manter nossas bases militares na Síria", disse Putin, destacando o interesse de diversos atores na manutenção da presença russa no território sírio.

O presidente explicou que a questão exige deliberações sobre as perspectivas de "relações com as forças políticas que controlam a situação no país atualmente e que o farão no futuro". "E nossos interesses devem coincidir", observou.

Putin também destacou que, por enquanto, já há atividades em andamento que podem ser realizadas com o apoio das bases russas.

"Propusemos aos nossos parceiros, incluindo os da Síria e dos países vizinhos, que usassem, por exemplo, a base aérea de Khmeimim para levar ajuda humanitária à Síria. E isso foi aceito com compreensão e desejo de organizar esse trabalho em conjunto", ressaltou.

Al-Assad em Moscou

O presidente revelou que ainda não se encontrou com o ex-presidente sírio Bashar al-Assad desde que ele deixou o cargo e chegou a Moscou.

"Ainda não vi o ex-presidente al-Assad após sua chegada a Moscou. Mas planejo fazê-lo", declarou.