Lula chama embaixador em Israel para consultas

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, convocou na segunda-feira seu embaixador em Israel, Frederico Meyer, para consultas após o país judeu ter declarado o mandatário como "persona non grata" por comparar as mortes de palestinos na Faixa de Gaza ao Holocausto, informou a Folha de São Paulo.

Israel declara Lula persona non grata após declarações que evocam nazismo

Lula tomou a decisão após se reunir no Palácio da Alvorada, sua residência oficial, com seu assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, que havia dito anteriormente à imprensa que considerava a medida israelense "absurda".

Por enquanto, a embaixada brasileira em Israel será chefiada por um encarregado de negócios. As declarações do presidente provocaram uma crise diplomática entre os dois países e, na segunda-feira, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, convocou Meyer para o Museu do Holocausto, ao invés de reunir-se no Ministério das Relações Exteriores, como normalmente acontece. O gesto foi descrito por diplomatas brasileiros como um "espetáculo".

"Não vamos esquecer e não vamos perdoar. Esse é um grave ataque antissemita. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non-grata em Israel até que se retrate", disse Katz ao diplomata.

"Não se trata de uma guerra entre soldados e soldados"

Falando em uma coletiva de imprensa na 37ª Cúpula da União Africana em Adis Abeba (Etiópia) no domingo, Lula disse que o conflito "não é uma guerra entre soldados e soldados", mas "uma guerra entre um exército [israelense] altamente preparado e mulheres e crianças".

Ele comparou os acontecimentos no enclave palestino à época "em que [Adolf] Hitler decidiu matar os judeus".

De acordo com o analista político Valdo Cruz, uma parte do Poder Executivo acredita que o presidente não cometeu um erro. Outra ala, composta principalmente por diplomatas, acredita que o Brasil perdeu seu papel de mediador no conflito.

Uma mensagem na plataforma X da primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, deixou claro que o presidente não tem intenção de voltar atrás em suas declarações. "O discurso foi sobre o governo genocida e não sobre o povo judeu. Vamos ser honestos em nossa análise", disse ela.

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