
Empresários alemães estão mais pessimistas, aponta pesquisa

Em meio à incerteza geopolítica e a uma queda industrial na maior economia da Europa, o índice de clima de negócios da Alemanha caiu para 84,7 em dezembro, em comparação com o valor revisado de 85,6 no mês anterior, segundo uma pesquisa divulgada pelo instituto Ifo.
Esse é o menor nível desde maio de 2020. O declínio foi principalmente causado por expectativas mais pessimistas, embora as empresas tenham avaliado a situação atual de forma mais positiva.
O estudo, realizado com cerca de 9 mil gerentes, constatou uma melhora na avaliação das condições atuais, mas o índice de expectativas caiu para 84,4 em dezembro, em comparação com 87,0 em novembro. Economistas consultados pela Reuters previam uma taxa de 87,5.

"A debilidade da economia alemã tornou-se crônica", afirmou Clemens Fuest, presidente do Ifo, citado pela agência na terça-feira.
De acordo com a mídia, a reeleição de Donald Trump como presidente dos EUA e o conflito ucraniano aumentaram a incerteza em um momento em que a economia alemã já enfrenta dificuldades.
As previsões indicam que o próximo ano trará mais desafios, já que a indústria alemã está estagnada, com grandes empresas como a Volkswagen tentando cortar a produção e o sentimento do consumidor despencando devido ao receio de cortes de empregos.
O economista-chefe do Commerzbank, Joerg Kraemer, atribuiu o pessimismo a problemas profundamente enraizados na indústria alemã.
"Portanto, é improvável que o impulso da queda das taxas de juros do BCE tenha um impacto positivo sobre o produto interno bruto", disse Kraemer.
Por sua vez, Cyrus de la Rubia, do Hamburg Commercial Bank, afirmou que a piora nas perspectivas das empresas provavelmente resultará em uma hesitação de curto prazo para investir, especialmente enquanto esperam que os partidos políticos da Alemanha apresentem seus manifestos de campanha eleitoral.
"Não se espera nenhuma melhora fundamental na situação econômica no primeiro semestre do ano", opinou de la Rubia.
Como se deu a crise no governo?
O voto de confiança ocorre após Scholz ter demitido o ministro das Finanças, Christian Lindner, do FDP, no mês passado, devido a diferenças nas negociações orçamentárias, o que levou o partido liberal a deixar a coalizão tripartite.
Essas decisões deixaram o restante do chamado "governo semáforo" de centro-esquerda - o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) de Scholz e os Verdes - sem maioria parlamentar em um momento em que a Alemanha enfrenta uma profunda crise econômica.
O Bundestag não pode anunciar sua dissolução por conta própria, de acordo com a constituição, portanto, é necessário um voto de confiança para convocar eleições antecipadas em 23 de fevereiro, conforme acordado pelos principais partidos, ou sete meses antes do planejado originalmente.