Como a Rússia combate as defesas antimísseis dos EUA?

O comandante das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia observou que a eficácia das medidas dos EUA para minar as capacidades de combate de Moscou, como a implantação de defesa antimísseis na Polônia, é "praticamente nula".

A Rússia desenvolveu uma série de medidas técnico-militares para diminuir significativamente a eficácia do sistema de defesa antimísseis dos EUA, afirmou o coronel-general Sergey Karakayev, comandante das Forças de Mísseis Estratégicos, em entrevista ao jornal Krasnaya Zvezda, na terça-feira.

Segundo Karakayev, o principal objetivo do desenvolvimento das Forças de Mísseis Estratégicos é criar, com antecedência, as bases necessárias para garantir a segurança do país. "A abordagem preventiva permite que nossos especialistas identifiquem ameaças potenciais e antecipem quando elas ocorrerão", explicou.

Ele acrescentou que, mesmo em fase de desenvolvimento, os sistemas de mísseis são projetados com soluções técnicas que garantem sua eficácia em qualquer cenário relacionado ao sistema global de defesa antimísseis dos EUA e seus aliados.

As medidas em questão estão focadas principalmente no desenvolvimento de mísseis equipados com contramedidas modernas, levando em consideração as possíveis características dos futuros sistemas de defesa aérea ocidentais.

Karakayev mencionou ainda que uma série de armas tão eficazes quanto os mísseis hipersônicos Oreshnik ou Avangard está em estágio final de desenvolvimento, mas "ainda não é o momento de divulgar mais detalhes".

Eficácia das medidas dos EUA é "praticamente nula"

O comandante russo afirmou que as medidas adotadas pelos EUA para diminuir a capacidade de combate das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia são "praticamente nulas".

Ele explicou que os EUA continuam tentando formas adicionais de equilibrar as capacidades das forças nucleares estratégicas russas. “Agora, com a implantação de novos sistemas antimísseis na Polônia, podemos afirmar com certeza que a eficácia dessas medidas é praticamente nula”, ressaltou.

Karakayev também explicou que os sistemas antimísseis implantados pelos EUA na Europa "não têm capacidade para interceptar mísseis balísticos intercontinentais lançados na direção do hemisfério norte, devido às suas características energéticas". Os mísseis balísticos intercontinentais russos, segundo ele, têm uma trajetória ativa curta, o que dificulta a sua detecção, rastreamento e interceptação.

Lançamentos em alcance máximo

O coronel-general também destacou que os lançamentos de mísseis de alcance máximo estão previstos nos testes de voo dos sistemas avançados. Ele afirmou que esse é um procedimento necessário e que lançamentos semelhantes já ocorreram no Oceano Pacífico, a fim de verificar se as características dos sistemas russos atendem aos requisitos exigidos.

"Em termos de alcance, não há lugar que nossos mísseis não possam atingir", sublinhou Karakayev.

Além disso, o comandante informou que a Rússia notifica os EUA com pelo menos 24 horas de antecedência sobre qualquer lançamento planejado de mísseis balísticos intercontinentais. Em contrapartida, Washington também fornece informações similares, incluindo a data e o local do lançamento, assim como a área de impacto da ogiva.