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Parlamento alemão aprova voto de desconfiança contra governo de Olaf Scholz

A medida abre caminho para eleições parlamentares antecipadas no país.
Parlamento alemão aprova voto de desconfiança contra governo de Olaf ScholzGettyimages.ru / Maja Hitij

O Bundestag (parlamento alemão) aprovou uma moção de censura contra o governo minoritário, abrindo caminho para eleições parlamentares antecipadas em fevereiro próximo.

Um total de 394 parlamentares votou a favor da moção, enquanto que 207 que expressaram apoio ao governo de Olaf Scholz. Outros 116 parlamentares se abstiveram, deixando a coalizão com muito menos votos do que os 367 necessários para vencer.

"Política não é um jogo"

Em discurso no Bundestag antes da votação de segunda-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, culpou seus ex-parceiros de coalizão do Partido Democrático Livre (FDP) por "sabotar seu próprio governo" e encenar um "teatro que não só prejudica a imagem de um governo individual, mas também da própria democracia", informa a Deutsche Welle.

"A política não é um jogo", disse, reiterando as promessas de seu programa para as eleições antecipadas, como a promoção de energias renováveis, a modernização da infraestrutura envelhecida, a eliminação de obstáculos burocráticos ao progresso e o fortalecimento do enfraquecido poder industrial da Alemanha.

"Nova eleição não é garantia"

O vice-chanceler, ministro da Economia e candidato dos Verdes à chancelaria federal, Robert Habeck, concordou com Scholz, acusando o FDP de ter sido "parte de um governo e, ao mesmo tempo, tentar destruí-lo".

Habeck afirmou que a Alemanha precisa de um governo que esteja disposto a fazer concessões, o que, segundo ele, a atual coalizão fez durante três anos, até que o FDP decidiu sabotá-la.

Ele rejeitou ainda as declarações do líder do partido União Democrática Cristã (CDU), Friedrich Merz, que chamou Habeck de "rosto da crise econômica nacional" e acusou a coalizão de ter afundado a economia.

Este, por sua vez, respondeu citando os efeitos do conflito ucraniano e culpou a ex-chanceler e líder da CDU, Angela Merkel, por deixar uma Alemanha dependente do gás russo barato.

De acordo com Habeck, que apontou vários países europeus com coalizões instáveis, "uma nova eleição não é garantia de que um novo governo começará a trabalhar de forma tranquila e rápida".

Como se deu a crise no governo?

O voto de confiança ocorre após Scholz ter demitido o ministro das Finanças, Christian Lindner, do FDP, no mês passado, devido a diferenças nas negociações orçamentárias, o que levou o partido liberal a deixar a coalizão tripartite.

Essas decisões deixaram o restante do chamado "governo semáforo" de centro-esquerda - o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) de Scholz e os Verdes - sem maioria parlamentar em um momento em que a Alemanha enfrenta uma profunda crise econômica.

O Bundestag não pode anunciar sua dissolução por conta própria, de acordo com a constituição, portanto, é necessário um voto de confiança para convocar eleições antecipadas em 23 de fevereiro, conforme acordado pelos principais partidos, ou sete meses antes do planejado originalmente.

Uma ocorrência rara 

Scholz e seus ministros ocuparão seus cargos em caráter interino até que um novo governo seja formado, o que pode levar meses, caso as negociações de coalizão se tornem problemáticas.

O voto de confiança é uma ocorrência rara na Alemanha, e ocorrerá pela sexta vez em sua história desde o pós-guerra.

Scholz tem sofrido pressão dentro de seu partido para ceder a liderança ao ministro da Defesa, Boris Pistorius, que é o político mais popular do país, embora este último tenha se retirado da disputa.