
Primeiro lote de tanques Abrams dos EUA chega a Taiwan

O primeiro lote de 38 tanques M1A2T Abrams comprados por Taiwan dos Estados Unidos chegou à ilha neste fim de semana e foi transferido na manhã de segunda-feira para um centro de treinamento do exército taiwanês, em Hsinchu, informou a agência CNA.

Além dos tanques, o exército taiwanês recebeu quatro veículos blindados de recuperação M88A2. Segundo o plano divulgado anteriormente por autoridades de Taiwan, outros 42 tanques M1A2T Abrams serão entregues em 2025, e mais 28 em 2026.
A imprensa de Taiwan descreveu a chegada dos tanques como "há muito aguardada" e destacou as características do M1A2T Abrams, descrito como "o veículo de combate mais poderoso em campo", com um canhão de 120 mm, blindagem avançada, alta mobilidade e eficiência de combate.
"Pesado demais"
O M1A2 Abrams "não é uma boa escolha" para Taiwan, avaliou o especialista militar chinês Wei Dongxu ao jornal Global Times. Ele argumentou que a geografia da ilha, "densamente coberta por redes de água", limita a mobilidade e a implantação de um tanque que pesa mais de 60 toneladas.
Wei também destacou que a turbina a gás do M1A2 consome muito combustível, exigindo uma manutenção complexa. Segundo ele, o tanque seria vulnerável em combates contra forças aéreas, como helicópteros de ataque equipados com mísseis antitanque.
Wang Yanan, editor da revista Aerospace Knowledge, de Pequim, afirmou que os tanques Abrams enfrentam sérios desafios no combate terrestre moderno, especialmente diante da ameaça representada por drones. "Os tempos mudaram, e os padrões de combate do passado não existem mais", disse. Ele considerou que, se Taiwan acredita que os tanques darão "um grande impulso às suas capacidades militares, suas expectativas estão exageradas".
A mídia chinesa lembrou que os tanques M1A1 Abrams, da mesma família do modelo vendido a Taiwan, tiveram desempenho insatisfatório no conflito da Ucrânia. Segundo o relato, os Abrams sofreram "pesadas perdas" devido ao uso de drones e armas avançadas, como o míssil antitanque Kornet, pelo exército russo.
Posição da China
Os EUA aprovaram em 2019 a venda de 108 tanques M1A2T Abrams para Taiwan, decisão que foi condenada pela China, assim como as vendas posteriores de armas à ilha. Pequim reiterou que essas ações violam "seriamente o princípio de uma só China" e enviam "um sinal totalmente errado às forças separatistas pró-independência de Taiwan".
Taiwan se auto governa desde 1949 com uma administração própria, mas Pequim considera a ilha parte inalienável de seu território. A maior parte dos países do mundo, incluindo a Rússia e Brasil, reconhece Taiwan como integrante da República Popular da China.