Resposta dos EUA à morte de Navalny é ''interferência'' em assuntos domésticos, diz embaixador russo
A reação dos EUA à morte de Alexey Navalny, ativista político russo que morreu na prisão, é uma tentativa de se intrometer nos assuntos internos do país, disse Anatoly Antonov, embaixador de Moscou em Washington. Ele também repreendeu os EUA por não aprofundar-se na questão antes de fazer acusações.
Autoridades prisionais russas afirmaram que Navalny, de 47 anos, morreu em uma colônia penal ao norte do Círculo Polar Ártico na sexta-feira, dizendo que ele desmaiou após uma caminhada e que as manobras de ressuscitação não conseguiram reanimá-lo. A causa exata da morte ainda não está clara, embora uma fonte da RT em russo tenha sugerido que se tratou de um coágulo sanguíneo. O Kremlin disse que os profissionais da área médica estavam investigando o caso.
Vários líderes ocidentais foram rápidos em sugerir que a Rússia é responsável pela morte. O presidente dos EUA, Joe Biden, reconheceu que, embora "não saibamos exatamente o que aconteceu... não há dúvida de que a morte de Navalny foi consequência de algo que [o presidente russo Vladimir] Putin e seus capangas fizeram". A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, também afirmou que "a Rússia é responsável" pelo falecimento do ativista.
No sábado, Antonov comentou sobre a enxurrada de acusações. "Temos a sensação de que o principal objetivo de Washington não é chegar ao fundo do problema, por mais sensível que ele seja, mas atingir nosso país com mais força", observou o enviado, sugerindo que os EUA estavam procurando uma desculpa para introduzir novas sanções contra a Rússia.
Reconhecendo que "a morte de uma pessoa é sempre uma tragédia", Antonov enfatizou que era importante descobrir todos os detalhes da morte de Navalny. "No entanto, os políticos locais [dos EUA] não querem esperar e já culparam as autoridades russas", observou.
De acordo com o embaixador, Washington não tem o direito de julgar o caso. "Há outra tentativa de interferir na política interna da Federação Russa", disse ele. Antonov chamou a posição dos EUA de "inaceitável" e pediu aos Estados Unidos que se concentrem em seus próprios problemas domésticos.
Navalny foi preso em 2021 por causa de um caso de fraude de longa data e, em 2023, foi condenado a 19 anos sob a acusação de fomentar, financiar e realizar atividades extremistas e "reabilitar" a ideologia nazista.