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BRICS não está interessado em enfraquecer o dólar, afirma chanceler indiano
Nova Délhi quer preservar sua relação comercial com Washington, afirmou Subrahmanyam Jaishankar.
A Índia e as outras nações do BRICS discutem regularmente transações financeiras, mas "não têm interesse em enfraquecer o dólar", afirmou o Ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar. A observação foi feita depois que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ameaçou recentemente impor tarifas de 100% sobre o grupo de economias emergentes.
Em uma publicação nas redes sociais no mês passado, Trump anunciou que imporia tarifas de 100% aos membros do BRICS se eles criassem uma moeda comum ou "apoiassem qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar norte-americano" no comércio internacional. "Qualquer país que tentar deve dar adeus aos Estados Unidos", advertiu.
Em discurso no Fórum de Doha, no Qatar, no sábado, Jaishankar comentou que "não sabia exatamente qual foi o gatilho" para os comentários de Trump.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tem um relacionamento próximo com Trump, e Washington e Nova Délhi "realmente não têm problemas de divisão", disse.
"A Índia nunca foi a favor da desdolarização", continuou. "No momento, não há nenhuma proposta de ter uma moeda do BRICS. Os BRICS discutem transações financeiras, [mas] os Estados Unidos são nosso maior parceiro comercial e não temos interesse em enfraquecer o dólar de forma alguma".
A Rússia, que atualmente ocupa a presidência rotativa do grupo BRICS, lançou a ideia de introduzir uma moeda comum em 2022. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva fez eco à proposta de Moscou no ano passado, argumentando que ter a opção de negociar em outra moeda de reserva reduziria a "vulnerabilidade" dos países do BRICS às flutuações da taxa de câmbio do dólar.
Apesar da especulação generalizada na mídia ocidental, os líderes do BRICS não chegaram a anunciar planos para essa moeda em sua cúpula na cidade russa de Kazan, em outubro. Em vez disso, eles se comprometeram a criar um sistema de pagamento transfronteiriço para funcionar junto com a rede SWIFT ocidental e aumentar o uso de moedas locais no comércio internacional.
"A cooperação no âmbito do BRICS não é dirigida contra ninguém nem contra nada - nem contra o dólar nem contra outras moedas", declarou na época o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Ela tem como principal objetivo garantir os interesses dos países que participam desse formato".