
Von der Leyen vai à cúpula do Mercosul e pode anunciar acordo com a UE

A 65ª Cúpula do Mercosul começa nesta quinta-feira (7) em Montevidéu, no Uruguai, e, além da presença dos presidentes dos países membros, conta com a participação da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Segundo especulações, ela poderá anunciar a conclusão do acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia, que vem sendo negociado há 25 anos e enfrenta resistência, especialmente da França.

Antes de chegar ao Uruguai, durante uma escala no Brasil, Von der Leyen escreveu nas redes sociais que "a linha de chegada do acordo" está "à vista". "Vamos trabalhar, vamos cruzá-la", escreveu, acrescentando: "Temos a oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de pessoas, a maior parceria de comércio e investimento que o mundo já viu. Ambas as regiões serão beneficiadas."
Von der Leyen se reunirá com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, nesta quinta-feira, e na sexta-feira terá encontros com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Javier Milei, da Argentina, e Santiago Peña, do Paraguai.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, declarou na terça-feira (5) que esta cúpula pode ser "a última chance" da União Europeia para concluir o acordo comercial. Segundo ela, é "essencial" que o tratado avance.
Postura sul-americana
Omar Paganini, ministro das Relações Exteriores do Uruguai, país que sedia a cúpula, afirmou que o momento é de "incerteza" quanto ao futuro do acordo. "Estamos nos estágios finais da negociação e este é o momento em que surgem problemas e vozes contrárias ao acordo", alertou.
Enquanto isso, o governo argentino anunciou que Javier Milei proporá "um mercado livre" na cúpula, com a intenção de adotar uma posição mais "flexível", mas sem abandonar o Mercosul. A proposta defende que cada país possa negociar acordos comerciais de forma independente.
Já Lula busca preservar a estratégia atual, fortalecendo a negociação em bloco para avançar no acordo com a UE.
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, também apoia a manutenção do Mercosul, mas defende que o bloco seja "relançado". "Não acredito que acordos unilaterais sejam o caminho a seguir", disse Peña na terça-feira, reiterando apoio ao tratado com a UE, que precisará da aprovação dos congressos nacionais.
Oposição europeia
O acordo enfrenta forte resistência, principalmente por parte da França.
"O projeto de acordo entre a UE e o Mercosul é inaceitável em sua forma atual", afirmou o presidente francês na quinta-feira.
Um dos principais pontos de objeção para os países europeus é a preocupação com os impactos nos agricultores, temerosos de que a abertura do mercado da UE para produtos latino-americanos prejudique a competitividade local.

